Correio da Bahia

Homens e negros são a maioria da população de rua de Salvador

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ESTUDO Se toda a população de rua de Salvador pudesse ser representa­da por uma única pessoa, com direito a gênero e cor, ela seria homem e negro. É que dados do estudo Cartografi­as dos Desejos e Direitos: Mapeamento e Contagem da População em Situação de Rua na Cidade de Salvador, realizado pelo Projeto Axé, indicam que das 22.498 situações observadas, esse público atinge uma variável entre 14.513 e 17.357, sendo a marca mínima e máxima, respectiva­mente, de indivíduos em situação de rua.

Desses, 17.515 (77%) são homens e 13.337 (59,3%) são negros. As mulheres somam 3.211 (14,2%) e os brancos atingem 4,3%, o que correspond­e a 971 pessoas. Já os pardos correspond­em a 29,6%, contabiliz­ando 6.657 pessoas. Já os que não foram possíveis de serem categoriza­dos somam 1.533, 6,8%. Iniciado no final de maio de 2016, o estudo levou nove meses para ficar pronto e foi divulgado na manhã de ontem, durante um seminário aberto ao público.

A pesquisa considerou todas as faixas etárias e teve a contagem de pessoas realizada em uma semana de agosto de 2016. Os adultos, de 26 a 59 anos, atingiram a maioria da população de rua da capital baiana com o percentual de 59,4%, o equivalent­e a 13.374 pessoas. Em segundo lugar estão os jovens, com 11,9% 2.679 pessoas; seguido dos adolescent­es, de 12 a 17 anos, com 6,2%, 1.392 indivíduos; os idosos, acima de 60 anos, atingem a marca de 7,8%, 1.748 pessoas em situação de rua; e as crianças, de 1 a 11 anos, chegam a 668 da população de rua, somando 3% dos observados pela pesquisa. Restam, ainda, as 2.637 pessoas, 11,7% do total, que não foram possíveis definir. Conforme a coordenado­ra acadêmica do estudo, Juliana Prates, o objetivo da pesquisa é apresentar a população de rua à sociedade. Segundo Juliana, a populaçã de rua está associada a diversas questões, além da esfera da pobreza. “Trabalho infantil, questões de gênero, prostituiç­ão, então, em um próximo passo, temos que considerar se a única razão é a extrema pobreza”, comentou, citando que, a princípio, a pesquisa tem caráter quantitati­vo. “A partir desse momento, poderemos evoluir para uma segunda fase, que seria a fase qualitativ­a. Não dá para evoluir sem ter esse desenho”, completou.

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