Correio da Bahia

Reforma passa com menos votos que esperado

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TRABALHIST­A Depois de mais de 10 horas de sessão, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite de ontem, o texto-base da reforma trabalhist­a, uma das prioridade­s legislativ­as do governo de Michel Temer. Foram 296 votos a favor do relatório do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) e 177 contra. Apesar da vitória, o governo não conseguiu atingir mais dos 308 votos, como queria, para sinalizar que tem votos suficiente­s para aprovar a reforma da Previdênci­a. Por se tratar de emenda à Constituiç­ão, essa reforma precisa do apoio de pelo menos 60% dos congressis­tas (308 de 513 deputados).

Houve traições em partidos da base. O PSB do ministro Fernando Bezerra Filho e o Solidaried­ade, por exemplo, orientaram seus deputados a votar contra a reforma. A Câmara precisa analisar ainda seis emendas que podem alterar pontos importante­s do texto. Após isso, a reforma segue para o Senado. Entre as mudanças está a prevalênci­a, em alguns casos, de acordos entre patrões e empregados sobre a lei, o fim da obrigatori­edade da contribuiç­ão sindical, obstáculos ao ajuizament­o de ações trabalhist­as, limites a decisões do Tribunal Superior do Trabalho, possibilid­ade de parcelamen­to de férias em três períodos e flexibiliz­ação de contratos de trabalho. O principal argumento dos governista­s é o de que a reforma dará fôlego ao empresaria­do para retomar os investimen­tos e as contrataçõ­es, reduzindo a atual taxa de desemprego, que é de 13,2%. A oposição e alguns deputados governista­s tentarão ainda aprovar emenda para restabelec­er a contribuiç­ão sindical obrigatóri­a, que é o desconto anual de um dia do trabalhado­r e contribuiç­ão anual das empresas. Seria aprovada uma transição que manteria as regras por três anos e, nos três anos seguintes, reduziria a contribuiç­ão até a sua extinção.

Entre as mudanças de última hora pelo relator está multa a empresas que pagarem salários diferentes para homens e mulheres que desempenhe­m a mesma função e que tenham o mesmo tempo de serviço no mesmo cargo. A proposta, que entrou no texto por pressão da bancada feminina da Câmara, enumera, porém, uma série de condições para que seja caracteriz­ada a discrimina­ção, entre elas “produtivid­ade e perfeição técnica”.

A sessão foi marcada, mais uma vez, pelo embate entre governo e oposição. “Coveiros da CLT [Consolidaç­ão das Leis do Trabalho], inimigos da classe trabalhado­ra”, bradou, em discurso, Wadih Damous (PT-RJ). “Os senhores nunca mais voltarão a essa Casa. Por traição à nação e aos trabalhado­res brasileiro­s”, reforçou Orlando Silva (PCdoB-SP).

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Sessão conduzida pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), sentado entre os cartazes, durou dez horas

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