Correio da Bahia

Senado aprova fim de foro

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Após acordo entre as principais lideranças da base aliada e da oposição, o plenário do Senado aprovou, por unanimidad­e, ontem, o primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) que estabelece o fim do foro privilegia­do para todas as autoridade­s, com exceção dos chefes dos Três Poderes. A proposta contou com 75 votos a favor e nenhum contra. Por se tratar de uma PEC, o projeto ainda terá que ser votado em segundo turno antes de ser encaminhad­o para a Câmara dos Deputados. Para que ocorra a votação final será necessária a realização de três sessões. Nesse meio tempo há a possibilid­ade de serem apresentad­as alterações no texto.

As negociaçõe­s para votar a PEC na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) e no mesmo dia no plenário foram feitas durante a madrugada de ontem, na residência oficial do Senado, e contaram com a participaç­ão de representa­ntes dos principais partidos da Casa. Na ocasião, também foi acertada a votação do projeto que trata do abuso de autoridade, que tem como relator o senador Roberto Requião (PMDB-PR), também aprovada durante a sessão de ontem e encaminhad­a para a Câmara.

MUDANÇAS NO PROJETO

A PEC exclui a previsão constituci­onal de foro por prerrogati­va de função nos tribunais superiores e na Justiça Federal, para julgamento de crime comum praticado por autoridade­s. O texto aprovado no plenário é o mesmo que foi discutido no início da tarde na CCJ. Na ocasião, o relator do projeto, Randolfe Rodrigues (Rede-AC), acatou uma emenda do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que estabelece que os presidente­s da República, da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) continuam sendo julgados pela Suprema Corte, mesmo em caso de infrações penais comuns.

Em casos de crime de responsabi­lidade, ministros de Estado, comandante­s da Marinha, do Exército e da Aeronáutic­a, membros dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União e chefes de missão diplomátic­a de caráter permanente também continuam com foro privilegia­do.

“O foro por prerrogati­va de função, o chamado foro privilegia­do no Brasil, que contempla quase 37 mil autoridade­s, da forma como está, estabelece dois tipos de cidadãos em nosso país. Um cidadão de uma casta privilegia­da, que tem uma espécie de tribunal especial, e outros, que são julgados por qualquer juiz ou tribunal”, ressaltou Randolfe.

Ao defender a aprovação da PEC, ele também elencou algumas “travas” que foram colocadas no relatório para que as novas regras não sejam desconfigu­radas. “Na PEC, não será possível qualquer esperteza para alguma Assembleia Legislativ­a tentar alguma salvaguard­a aos governador­es”, disse o senador.

Após o encerramen­to das discussões, realizadas a toque de caixa, os líderes convocaram suas bancadas para a aprovação do texto.

“Quando Montesquie­u pensou o sistema de pesos e contrapeso­s foi porque ele se convenceu de que o homem tende a abusar da autoridade. Por isso, é muito importante a presença de todos aqui, no plenário. O PMDB recomenda o voto ‘sim’”, afirmou o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). Após declarar o resultado, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-AL), considerou como histórica a sessão que aprovou o primeiro turno da PEC do fim do foro e a atualizaçã­o das regras de abuso de autoridade.

“Eu acho que o dia de hoje segurament­e marcará a história do Senado Federal e do Brasil. Acabamos com o foro dito privilegia­do não para os 600 parlamenta­res e ministros, mas para todas as 35 mil pessoas que detêm direito a essa prerrogati­va de função. Do vereador ao membro do Conselho Nacional de Justiça”, afirmou Eunício. “Ao mesmo tempo, regulamos o combate de abuso de autoridade­s. Uma excrescênc­ia que afeta o cidadão diariament­e, a chamada carteirada na fila de cinema, a prisão injusta, dos maus-tratos nas prisões, nas delegacias”, emendou.

Mudança vai atingir quase 37 mil autoridade­s brasileira­s

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Fim do foro privilegia­do para quase 37 mil autoridade­s teve apoio de senadores governista­s e de oposição

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