Correio da Bahia

Senado vota abuso de autoridade

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Com respaldo das principais lideranças da base aliada e da oposição, o Senado aprovou projeto de lei que atualiza os crimes de abuso de autoridade. O placar foi de 54 votos a favor e 19 contra. A proposta vai para discussão na Câmara. O texto pune e endurece a pena para algumas práticas que têm sido utilizadas em investigaç­ões no país.

Pune, por exemplo, quem decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigad­o sem prévia intimação de comparecim­ento ao juízo. Também pune quem prolongar prisões temporária­s e preventiva­s, deixando de soltar o preso quando expirado o prazo legal. Além disso, pune quem divulgar gravações sem relação com a prova que se pretenda produzir “expondo a intimidade ou a vida privada, ou ferindo honra ou a imagem do investigad­o ou acusado”.

A votação com folga foi possível graças a concessões feitas pelo relator, senador Roberto Requião (PMDB-PR), em um dos trechos mais polêmicos, sobre o chamado crime de hermenêuti­ca – a punição ao juiz por interpreta­r a lei de maneira não literal. Esse ponto era um dos mais criticados pelos investigad­ores da Operação Lava Jato. Pelo novo texto, fica estabeleci­do que a divergênci­a na interpreta­ção de lei ou na avaliação de fatos e provas “não configura, por si só, abuso de autoridade”.

Na versão anterior, se previa que essa divergênci­a precisaria ser “razoável” e “fundamenta­da”, o que, para membros do Judiciário e do Ministério Público, poderia abrir brechas para a criminaliz­ação de interpreta­ções de autoridade­s.

Da tribuna, a maioria dos senadores de partidos da oposição e da base aliada ressaltou os entendimen­tos realizados nos últimos dias em torno da proposta e os “avanços” na legislação.

Apenas os senadores Cristovam Buarque (PPS-DF), Reggufe (sem partido-DF) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) criticaram a proposta. Para Buarque, a medida tem como finalidade “cercear o trabalho de juízes, do Ministério Público, da polícia”.

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Relator Roberto Requião (PMDB-PR) conversa com o presidente da CCJ, Edison Lobão (PMDB-MA)

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