Morte em academia
A vendedora Jéssica Avelino Morais, 25 anos, morreu após passar mal dentro de uma academia no bairro de Tancredo Neves, na noite de anteontem. Os pais da vítima confirmaram que ela usou substâncias conhecidas como anabolizantes. A causa da morte, porém, só será atestada por um laudo.
A mãe da jovem, Valdinete Avelino, contou que a filha pediu desculpas antes de morrer. “Eu fiquei triste porque não consegui ir vê-la, porque não me chamaram logo. Disseram que ela falou: ‘Diga a mainha e painho que me perdoem’, porque a gente reclamava com ela dessa medicação, que não era pra ela tomar”, disse a mãe.
Valdinete se referia às substâncias Oxandrolone e Stanozoland Stanozolol, derivados da testosterona (hormônio masculino). Os frascos foram mostrados pelos pais da vítima em entrevista à TV Bahia. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os dois medicamentos estão nas chamadas listas de substâncias sob controle especial e estão sujeitos à prescrição de receita, em duas vias. Especialistas ouvidos pelo CORREIO alertaram para os riscos desse tipo de remédio (veja mais abaixo).
A mãe contou ainda que Jéssica parou de ir à academia por alguns dias para fazer exames. “Não vou mentir que ela ficou uns tempos sem ir, mas não ficou afastada. Foi coisa de duas, três semanas para ela fazer um check-up. Os exames não deram nada”, garantiu Valdinete.
O tio da jovem, o técnico de operação Vinicius Lago Avelino, 36, contou ao CORREIO que Jéssica não estava usando mais os medicamentos. “Ela não estava usando mais nada, porque queria emagrecer. A gente não sabe como ela comprou o medicamento, mas ela não usava há um tempo. O frasco está pela metade, porque ela não estava mais usando”, disse ele, sem especificar há quanto tempo a jovem tinha parado com os remédios.
Uma prima da vítima que não quis se identificar afirmou que uma amiga da academia viu Jéssica cair duas vezes na aula, na noite em que morreu. Na primeira vez, bateu o queixo, levantou e voltou para o treino. Depois, caiu de novo e foi socorrida. “Era uma pessoa religiosa, evangélica. Muito carinhosa, dedicada à família. Não sei se isso de medicamento foi alguma influência de amigos ou da academia. Mas, como a amiga disse que ela caiu duas vezes, achei negligência da academia”, disse a prima.
Jéssica foi socorrida à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tancredo Neves, mas não resistiu e morreu. O corpo da jovem foi enterrado ontem, no Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco.
REGULAR
A academia On Shape, onde Jéssica malhava, divulgou uma nota lamentando a morte da jovem. “É com grande pesar que a direção comunica aos alunos que nesta quarta-feira , a academia não irá funcionar, em memória do falecimento de uma aluna”, informou no Facebook.
Segundo Paulo Cesar Vieira Lima, presidente do Conselho Regional de Educação Física/ Seccional Bahia, a academia está totalmente regularizada e todos os profissionais têm credenciamento legal. “Há aproximadamente 15 dias, o local foi fiscalizado”, disse ele ao CORREIO. A reportagem esteve no local, mas não encontrou ninguém para comentar o caso.
Ainda de acordo com Paulo, apenas um laudo médico poderá indicar se alguma medicação motivou a morte de Jéssica. “Não consegui falar ainda com o dono da academia. O que soubemos é que a menina passou mal durante a atividade, foi levada para o posto médico e morreu. Não podemos dizer se ela tomou algo. Não sei se é verdade. Precisamos do laudo médico para saber o que aconteceu”, enfatizou.
Vendedora de 25 anos passa mal durante treino e não resiste