Senado indica a aprovação de 1ª mulher à frente da Procuradoria
RAQUEL DODGE Com um terço dos senadores alvo de investigações na Lava Jato, a subprocuradora-geral Raquel Dodge não deve enfrentar dificuldades para ter seu nome aprovado no Senado após ser indicada como a primeira mulher a comandar a Procuradoria-Geral da República. A indicação feita pelo presidente Michel Temer foi publicada ontem no Diário Oficial da União (DOU). Na avaliação de parlamentares da base e da oposição, o fato de ela ter figurado na lista tríplice levada ao presidente a capacita para ocupar o cargo. Apesar de ter sido a segunda mais votada, a diferença foi de 30 votos. A previsão é de que Raquel seja sabatinada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no dia 12 de julho. O relator da indicação será o senador Roberto Rocha (PSB-BA), que já sinalizou um parecer favorável. “A princípio não há motivo para ser contra a indicação”, afirmou o senador. “Foi uma grande escolha e vamos testemunhar isso na sabatina”, adiantou. Ao indicar Raquel para substituir Rodrigo Janot, Temer rompeu uma tradição dos governos do PT de escolher sempre o mais votado da lista encaminhada pela Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR). Em guerra com o atual procurador-geral, Rodrigo Janot, o presidente optou por Raquel, em vez do mais votado e aliado de Janot, o subprocurador-geral Nicolao Dino. Embora Raquel tenha sido apontada como um nome de preferência da base de Temer, parlamentares do PT avaliam que o fato de ela se colocar como opositora a Janot pode indicar que vai conter possíveis excessos da Operação Lava Jato. Ela, porém, sinalizou que manterá a operação. Em entrevista ao Estado no fim do mês passado, Raquel defendeu a Lava Jato e disse que “a atuação do Ministério Público Federal não pode retroceder nem um milímetro sequer”. O líder da bancada, Lindbergh Farias (PT-RJ), admitiu não tem nada contra o nome da subprocuradora.