Correio da Bahia

24h Com afirmação polêmica, ministro quer controlar presença de médicos

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BIOMETRIA O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou, ontem, que o governo vai implantar um sistema de biometria para reunir dados de pacientes e controlar o trabalho de profission­ais da rede pública. “Vamos parar de fingir que pagamos o médico, e o médico tem de parar de fingir que trabalha”, disse. A declaração foi feita durante evento para anunciar o repasse de R$ 1,7 bilhão a estados e municípios para ações na atenção básica em saúde e oferta de transporte para pacientes. A ideia do governo é criar um controle de produtivid­ade, em que profission­ais cumpram a jornada de trabalho. Segundo o ministro, é preciso estabelece­r metas de desempenho para que as prefeitura­s possam fiscalizar o trabalho dos médicos, como tempo destinado às consultas, por exemplo. “Vamos estabelece­r metas de desempenho, e quem estiver abaixo do seu desempenho vai ser chamado a aumentar sua produtivid­ade.” Como exemplo, o ministro citou as consultas. A Organizaçã­o Mundial da Saúde indica que uma boa consulta deve demorar, no mínimo, 15 minutos. “Um médico que tem quatro horas de concurso pode dedicar cinco minutos para cada paciente e ir embora. Temos de ter uma média de desempenho”, afirmou. A mesma lógica será aplicada para outras especialid­ades. Quem não cumprir o prazo determinad­o estará sujeito a um processo administra­tivo. O governo quer informatiz­ar todas as unidades básicas de saúde até o fim de 2018 - foi publicado um credenciam­ento para selecionar as empresas responsáve­is pela instalação. O ministério deverá repassar um recurso mensal suficiente para financiar 50% dos custos da empresa fornecedor­a dos serviços. De acordo com Barros, em locais onde a estrutura já foi montada, cerca de metade dos médicos pede demissão. “Eles têm vários trabalhos, não conseguem cumprir a jornada e acabam abandonand­o o serviço quando há maior controle da jornada.” O ministro afirmou ainda que a média de comparecim­ento de médicos identifica­da até agora é de 30%. A contrapart­ida dos municípios, segundo ele, será indispensá­vel, com o aumento dos salários pagos aos profission­ais. “Nos hospitais, o paciente sabe que vai encontrar médico”, falou ele, sobre a sobrecarga de demanda nesses locais. Barros informou que os municípios ficarão obrigados a repassar o dado sobre a produtivid­ade dos profission­ais para o ministério.

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