Focos de Aedes aegypti são achados no Centro Histórico
trabalho anteontem. “Tenho duas filhas para criar, não posso ficar parado. Hoje, conto com ajuda de outros pescadores para carregar o motor do barco, o que antes fazia só”, conta.
BAHIA
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), até 4 de julho, foram notificados 37.027 casos da doença no estado. Em apenas três dias, 1.672 novos casos foram confirmados no começo de julho. Dos 417 municípios, 156 têm casos confirmados - a maioria (60%) em mulheres.
Já entre 2016 e o início de janeiro deste ano, 53.146 casos de chikungunya foram registrados na Bahia. Desses, 39.835 no primeiro semestre. Mesmo que menores, os números de agora - mais de 37 mil - são preocupantes.
“Claro que isso preocupa, não é uma coisa pequena. A chikungunya tem possibilidade de gerar dores articulares crônicas, que podem se arrastar por anos”, diz o professor do Instituto de Saúde Coletiva da Ufba (ISC/Ufba) e médico epidemiologista Guilherme Ribeiro.
Também professora do ISC/Ufba, a epidemiologista Maria da Glória Teixeira diz que o número é alto e preocupante. Segundo ela, neste período se espera uma queda na presença de fêmeas do mosquito, que não gostam do tempo chuvoso. Elas são mais presentes entre março e a metade de maio.
Outro dado que chama a atenção é que os casos suspeitos de zika e dengue neste mesmo período foram 1.754 e 7.685, respectivamente. A diferença em relação à chikugunya pode estar relacionada à capacidade de imunidade do vírus. “Como tivemos uma infestação intensa de zika e dengue em 2015, as pessoas estão com a susceptibilidade menor, enquanto a chikungunya pode ter circulado menos intensamente”, explica Ribeiro.
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde (MS) são de maio e não registram casos notificados de chikungunya, mas os casos prováveis em todo o país somavam 80.949, enquanto a Bahia tinha 5.480.
TONELADAS DE LIXO Moradores se queixam de que os focos estão em um córrego às margens da linha do trem. Segundo Geruza Moraes, o Centro de Controle de Zoonoses realizou inspeção para identificação e eliminação de possíveis focos no local. Na Rua São Paulo, em São João do Cabrito, foram retiradas três toneladas de lixo.
Ela diz que não há uma única razão para o surto, mas o descarte inadequado de lixo agrava o problema. Para Guilherme Ribeiro, o Subúrbio tem, historicamente, um maior acúmulo de materiais: “Nós sabemos que, por mais democrática que essas doenças possam ser, os mosquitos gostam de água parada”. Uma equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) inspecionou, ontem, seis casarões na Ladeira da Preguiça, no Centro Histórico de Salvador, e em todos foram encontrados focos com larvas do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
A vistoria integra uma operação do CCZ, que já visitou outros 12 imóveis desde o dia 6. Os locais foram abertos e vistoriados com o apoio da Guarda Civil Municipal. Desses, três ficam na Pituba e os nove restantes são no Centro Histórico.
Atualmente, a capital baiana dispõe de uma equipe composta por mais de dois mil agentes de endemias, sendo que cerca de 1,2 mil se dedicam ao controle das arboviroses – doenças infecciosas transmitidas pelo Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Até agora, em todos os 18 locais já inspecionados, foram encontrados focos do mosquito. “Tanques sem tampas, lixos, garrafas e outros objetos que acumulavam água parada”, explicou Ivana Barbosa, subcoordenadora de ações arboviroses do CCZ. Hoje, a equipe vai a Itapuã.