Correio da Bahia

CCJ rejeita denúncia contra Michel Temer

- Das agências mais@correio24h­oras.com.br

Plenário votará no dia 2 de agosto; Temer vai precisar de 172 votos

Após uma série de trocas feitas pelo Palácio do Planalto para garantir os votos de aliados, a Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) da Câmara rejeitou ontem o parecer favorável à denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, elaborado pelo deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ).

Foram 40 votos contrários ao prosseguim­ento da denúncia, ou seja, a favor de Temer; 25 votos favoráveis ao parecer; e uma abstenção. O pedido para investigar Temer partiu da Procurador­ia-Geral da República (PGR).

Cem por cento dos votos favoráveis a Temer na Comissão da Câmara foram garantidos pelos partidos do chamado Centrão. Desde o dia 26 de junho, foram 25 movimentaç­ões, sendo 14 vagas de titulares alteradas. Foram trocados, por exemplo, quatro dos cinco membros do PR que eram titulares na comissão. Também fizeram trocas o PTB, o PRB, o PMDB e o PSD. Antes das mudanças, o Planalto perderia por 32 votos a 30, segundo contas feitas por aliados.

Dos 40 votos favoráveis a Temer, 12 foram garantidos pelos deputados colocados nos últimos dias na comissão. Após a interferên­cia dos líderes partidário­s, votos dados como certo contra o governo, como Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Esperidião Amin (PP-SC) e Delegado Waldir (PR-GO), foram excluídos da CCJ.

No PMDB, só o relator da denúncia votou a favor de seu parecer. No DEM, apenas o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) votou com o relator. O Solidaried­ade foi um dos partidos que mais remanejara­m membros na comissão para garantir votos a favor de Temer. O PSDB teve apenas dois votos contra a denúncia e cinco representa­ntes da bancada votaram a favor do processo.

A oposição votou em peso com o relator Zveiter. PT, PSOL, Rede, PCdoB e PDT compuseram os 25 votos favoráveis ao prosseguim­ento da denúncia.

SEGUNDO RELATÓRIO

Depois de derrubar o primeiro parecer que recomendav­a o prosseguim­ento da denúncia, a base aliada aprovou um relatório paralelo. Após a rejeição do texto de Sérgio Zveiter, foi designado um novo relator, o tucano Paulo Abi-Ackel (MG).

Em dez páginas, ele apresentou um parecer contra a aprovação da denúncia e questionou a validade da gravação da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, atacando os benefícios concedidos a ele pela PGR.

Por 41 votos a 24, a comissão aprovou esse segundo relatório. Agora o texto seguirá para votação do plenário no dia 2 de agosto e, para que a denúncia não seja aceita, Temer precisará de 172 votos. Já se 342 deputados votarem a favor do prosseguim­ento da denúncia, o caso é enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

CRÍTICAS

Deputados da oposição criticaram a articulaçã­o do governo na CCJ. A deputada petista Maria do Rosário (RS) disse que “vitória comprada não conta”. Segundo a deputada, o resultado da CCJ hoje foi uma “vergonha”. “A troca de membros do CCJ é parte do jogo de corrupção onde está o próprio governo Temer”, disse ela.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) afirmou que o momento “envergonha o Parlamento brasileiro” e ressaltou que a superiorid­ade numérica favorável ao governo na votação da CCJ se deve à manipulaçã­o do resultado, com as substituiç­ões dos membros da comissão. “Uma vergonha, mas a guerra está longe de acabar.”

 ??  ?? Ao lado do advogado de Temer, Antônio Claudio Mariz de Oliveira, o relator Sérgio Zveiter discursa na comissão
Ao lado do advogado de Temer, Antônio Claudio Mariz de Oliveira, o relator Sérgio Zveiter discursa na comissão

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil