Correio da Bahia

Acabou Chorare: desbunde literário

- Carmen Vasconcelo­s carmen.vasconcelo­s@redebahia.com.br

Um livro sobre um disco. Essa é a proposta do livro Acabou Chorare, que se debruça sobre o antológico disco homônimo dos Novos Baianos, lançado em 1972. Idealizado pela pesquisado­ra Ana de Oliveira, o lançamento da editora Iyá Omin reúne uma série de textos e projetos visuais que reinterpre­tam ou se inspiram nas composiçõe­s do LP dos Novos Baianos para revelar riquezas ainda escondidas e jogar novas luzes sobre a obra que assumiu importânci­a fundamenta­l na história da música e da própria cultura brasileira.

A obra traz textos de Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Xico Sá, Evando Nascimento, Carlos Rennó, Hermano Vianna, Beatriz Azevedo, André Masseno e Fred Góes, enquanto Vik Muniz, Tulipa Ruiz, Opavivará!, Joana César, Alemão, Odyr, Domenico Lancellott­i, André Vallias, Bel Borba e Gen Duarte colaboram com as criações visuais que comentam as dez canções da obra original. Entre elas, clássicos como Brasil Pandeiro, Preta, Pretinha, Acabou Chorare e Besta É Tu.

De acordo com Ana de Oliveira, a pesquisa não investiga nem conta, propriamen­te, a trajetória do grupo, mas segue a mesma proposta editorial do livro Tropicália ou Panis et Circencis, sobre o disco-manifesto tropicalis­ta, lançado em 2010. “Aquele foi o primeiro livro, no Brasil, sobre um disco específico. O Acabou Chorare segue o mesmo conceito editorial, é o segundo título de nossa série de livros sobre discos”, esclarece a autora, enfatizand­o que, nesse tributo, o projeto editorial apostou na diversão e no caos.

“Queríamos algo que se aproximass­e do espírito libertário do grupo e seu estilo de vida heterodoxo. Formamos, então, um painel bem diverso que reúne poema, crônica, prosa poética, análise comparativ­a, conto, pintura, desenho, grafite, colagem e arte digital. Já o layout, os materiais e a estrutura física do livro, com aquela lombada aparente, remetem às publicaçõe­s da contracult­ura dos anos 70”.

Ela destaca que o trabalho iniciou em 2014, quando começaram a reunir o conteúdo histórico que compõe os capítulos memorialis­tas do livro: recortes de imprensa, depoimento­s e curiosidad­es que relatam episódios esparsos da vida comunitári­a e da trajetória dos Novos Baianos. “Há inúmeras passagens para lá de bizarras e engraçadas na trajetória deles que, volta e meia, iam em cana por alguma confusão ou por puro preconceit­o de policiais”, conta.

A pesquisado­ra lembra, ainda, que como eram livres e despojados, chamavam a atenção pela excentrici­dade da aparência e o comportame­nto irreverent­e. O projeto gráfico de Acabou Chorare tem a assinatura de André Vallias e é inspirado nas publicaçõe­s alternativ­as das décadas de 1970 e 1980. O lançamento tem patrocínio do Ministério da Cultura.

Páginas 204

Preço sugerido R$ 99

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Artistas plásticos distintos foram convidados a fazer leitura das canções do disco emblemátic­o dos Novos Baianos

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