Maia eleva o tom nas críticas
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a criticar ontem a possibilidade de um aumento na meta fiscal do governo – uma espécie de teto para os gastos públicos federais. A previsão atual é de uma meta negativa de R$ 139 bilhões, entretanto as equipes econômica e política discutem uma bastante provável ampliação nessa autorização de gastos. Maia afirmou que a medida, prevista para ser anunciada na segunda-feira, o deixa “desconfortável”.
Além disso, o presidente da Câmara fez críticas à reforma política que está sendo tocada na Câmara, principalmente por conta da criação de um fundo com recursos públicos para financiar as eleições, com receita equivalente a 0,5% da receita corrente líquida do país no ano. Se a medida for aprovada, vai representar um gasto para o país de R$ 3,6 bilhões para as eleições que acontecem no ano que vem.
Rodrigo Maia defendeu a aprovação da reforma da Previdência como caminho para equalizar as contas do governo, além de ações no sentido de controlar os gastos, no lugar de elevar a carga tributária. O deputado já havia dado declarações nesse sentido, alegando que União, estados, municípios e pessoas físicas devem “viver dentro de seu orçamento”.
Presidente da Câmara critica aumento de meta e reforma política
CÂMARA VAI BARRAR
Rodrigo Maia reafirmou que a Câmara não aprovará aumentos de impostos e disse que a Casa também faz sua parte para o enxugamento das contas, por meio da aprovação de medidas como a PEC do Teto dos Gastos Públicos e a reforma trabalhista. “Não tem um deputado que não esteja preocupado com isso. Alguns têm dificuldade de votar. É um processo de acomodação”, disse.
Para o presidente da Câmara, o Brasil está avançando. “Estamos enfrentando grandes desafios. Acho que avançamos olhando para o ano passado, para o que o presidente e o Congresso receberam da herança dos 13 anos do governo do PT”, disse.
Em outro momento de sua fala, disse que o Brasil não pode correr o risco de virar o Rio de Janeiro (referindo-se à calamidade financeira).
REFORMA POLÍTICA
O presidente da Câmara fez críticas à reforma política em discussão na Casa, em especial por conta da instituição de um valor alto para o fundo público de financiamento de campanha (R$ 3,6 bilhões), sem que houvesse debate prévio com a sociedade, e a seu caráter permanente, e não transitório. “Gera uma sinalização equivocada na sociedade, mostra que a política não quer dar soluções concretas para o futuro, mas para hoje”, afirmou.
“Houve aprovação e temas polêmicos como permanentes, que deveriam ser transitórios, como o fundo eleitoral. Infelizmente se decidiu manter valor alto, que a sociedade não aceita. Como um valor permanente, acho muito grave”, afirmou Maia, que atacou também o fim “abrupto” do financiamento privado de campanha, ainda que facilitasse atos de corrupção.
Ele também criticou o distritão e afirmou que o sistema eleitoral brasileiro está “falido”, com pouca renovação na política. “Sem um cláusula de desempenho e sem financiamento privado é muito ruim. Se nós conseguirmos aprovar o sistema distrital misto em 2022, poderemos recuperar a legitimidade e a relação da sociedade com a política. Se conseguirmos, será uma grande vitória na base da democracia”, acredita.