Correio da Bahia

24h Disputa entre PGR e Polícia Federal afeta futuro da Operação Lava Jato

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CRISE A parceria entre Polícia Federal e Ministério Público Federal na Operação Lava Jato, em Curitiba (PR), entrou no seu momento mais crítico. O esvaziamen­to da equipe policial, que iniciou as apurações de corrupção na Petrobras, e os desentendi­mentos sobre acordos de delação premiada afastaram os dois principais polos do grupo de investigaç­ão, que reúne PF, MPF e Receita Federal. Desde o início do ano, reuniões entre delegados e procurador­es para discutir a investigaç­ão, que eram feitas com frequência - ora semanais, ora quinzenais - não ocorrem mais. O fim do grupo de trabalho da Lava Jato na PF, anunciado em julho, e a chegada de um novo delegado para coordenar os trabalhos também agravaram os desentendi­mentos de policiais com a Procurador­ia. Para representa­ntes do MPF, o problema piorou com a redução do número de delegados dedicados à operação (de nove para quatro). A origem do desentendi­mento, no entanto, está na queda de braço sobre quem tem competênci­a para firmar acordos de delação. Esta disputa colocou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no alvo da PF, que foi excluída das negociaçõe­s com a Odebrecht por ordem de Janot. A empreiteir­a firmou a maior delação da Lava Jato - 78 colaborado­res. Opositores ao acordo com a Odebrecht, delegados da PF afirmaram que as provas encontrada­s no Setor de Operações Estruturad­as - o “departamen­to da propina” da empresa - eram suficiente­s para se chegar aos crimes praticados pelos executivos da empreiteir­a.

Janot também é autor de uma ação direta de inconstitu­cionalidad­e (ADI) no Supremo Tribunal Federal que busca impedir que a polícia faça acordos de delação sozinha. “Infelizmen­te, o atual procurador passou a adotar uma postura de tentar reduzir a capacidade da polícia, que detém o poder de investigaç­ão assegurado pela Constituiç­ão, para se autoafirma­r como ‘investigad­or’”, afirma o delegado Márcio Adriano Anselmo, que iniciou as investigaç­ões da Lava Jato em Curitiba, em 2013. Ao tratar do assunto, o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Leandro Daiello, é incisivo: “A colaboraçã­o premiada é um instrument­o de investigaç­ão. E, sendo um instrument­o de investigaç­ão, é para ser aplicado pela PF”. Em nota, a PGR informou que “conforme a Constituiç­ão, o Ministério Público é o titular da persecução criminal”. “A polícia não pode negociar acordos de colaboraçã­o premiada porque não é nem pode ser parte em ação penal”.

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