24h Bem aventurada!
Falecida há 25 anos, Irmã Dulce segue movendo os fiéis através dos seus princípios de fé, esperança e caridade. Na manhã deste domingo, os admiradores da religiosa caminharam cerca de 200 metros entre a Igreja do Bonfim e o seu santuário, no Largo de Roma, para celebrar a sétima edição da festa em homenagem à sua beatificação, ocorrida em 2011. O percurso foi feito por cerca de 400 pessoas, boa parte trajando branco, que entoaram canções embaladas pelos instrumentos da banda da Polícia Militar da Bahia.
Logo à frente da caminhada, estava a aposentada Gildete Brasil, 68, que virou atração entre os presentes por causa da roupa escolhida para a festa: uma camisa amarelo-canarinho, um colar de bolinhas com verde e amarelo e uma bandeira do Brasil. “Eu me vesti assim para pedir misericórdia pelo nosso país, que está num momento muito triste. Ela vai nos ajudar, em nome de Jesus”, pediu Gildete, que teve o prazer de trabalhar com Irmã Dulce nas Obras Sociais (Osid), como auxiliar de enfermagem no setor de geriatria. “Foi tudo muito impressionante pra mim, ela era uma mulher que sabia de tudo!”, lembra.
Já no fim da caminhada, soltaram no céu um conjunto de balões em formato de um terço, que impressionou os presentes. Em seguida, o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, presidiu a celebração da missa solene: “Para nós, é um dia muito especial porque ela marcou profundamente não só a vida da cidade, mas do Brasil. Irmã Dulce é uma santa no coração dos brasileiros e nós temos uma responsabilidade de manter viva não só a lembrança dela, mas a desta obra que ela nos deixou”.
A data de 13 de agosto remete ao ano de 1933, quando Dulce ingressou no convento, em Sergipe. A comemoração deste ano coincidiu com o Dia dos Pais e a superintendente da Osid e sobrinha de Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, aproveitou para relembrar a relação da beata baiana com o pai, o dentista Augusto Pontes Lopes. “Ela teve um pai que sempre apoiou muito todo o trabalho dela e que trazia em sua alma a solidariedade. Então ela herdou isso do pai, essa vocação de se doar e de amar”, comentou a sobrinha.
A festa da religiosa foi a programação escolhida para o domingo pelo vidraceiro Alberto Sena, 37, pai de duas crianças. “Nós gostamos de fazer esse roteiro, de ir ao Bonfim, e aproveitamos para vir passar aqui. A minha mãe e minha avó eram admiradoras de Irmã Dulce e, como pai, a história dela me inspira a transferir a fé para os meus filhos”, disse.
A fé foi transferida e eternizada na pele da autônoma Inaly Pires, 52, que tatuou a imagem da beata nas costas. “Quando eu tinha 17 anos, trabalhei numa loja de tintas aqui no Largo de Roma. Meu patrão tinha lhe prometido uns colchões e ela foi lá cobrar. Eu a ajudei e na hora de ir embora, ela me puxou num cantinho, segurou minha mão e agradeceu. Depois disso, alguma coisa aconteceu no meu coração”, lembra. Hoje, 35 anos depois, Inaly ainda se emociona com a história da Bem-Aventurada dos Pobres: “Mesmo ausente, ela continua fazendo e inspirando".
A caminhada promovida pela Osid, em parceria com o Rotary Club da Bahia, teve como objetivo arrecadar recursos para a construção da 11ª sala de cirurgia. As pessoas que quiseram ajudar adquiriram a camisa do evento, comercializada no valor de R$ 30. De acordo com a instituição, a nova sala de cirurgia proporcionará a realização, de pelo menos, mais mil operações por ano, o que reduzirá a fila de espera pelos procedimentos, que já conta com mais de 10 mil pacientes oncológicos aguardando pelo serviço médico. O dia da beata contou ainda com uma programação à tarde, com momento de louvor, adoração e bênção do Santíssimo Sacramento e missa dos devotos.