Correio da Bahia

Mais heróis ainda

- Vitor Villar vitor.villar@redebahia.com.br

Ter conquistad­o o acesso, inédito para o estado, à Série C, foi realmente um feito heroico da Juazeirens­e. Basta ver quem o Cancão de Fogo eliminou anteontem. O América-RN, rebaixado no ano passado da terceira divisão, tem uma folha salarial da equipe estimada em R$ 300 mil. A do time baiano é de apenas R$ 120 mil.

O desafio para o clube no ano que vem de evitar o rebaixamen­to e o retorno à estaca zero, porém, exigirá muito mais heroísmo. O clube encontra-se fora dos principais torneios do primeiro semestre de 2018, e terá como obstáculo a baixa arrecadaçã­o.

Por ter ficado em sétimo lugar no Baianão deste ano, o Cancão de Fogo ficou de fora da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil do ano que vem. Com isso, perderá ao menos R$ 1,35 milhão em cotas de participaç­ão – R$ 750 mil pela 1ª fase do torneio regional e R$ 600 mil do nacional.

Neste ano, a Juazeirens­e foi eliminada na fase de grupos do Nordestão, mas saiu dele com R$ 600 mil no bolso, o que ajudou a equipe na sequência da temporada. O clube, por outro lado, poderá concentrar-se no estadual, o que não aconteceu e o prejudicou em 2017.

“Neste ano, com dois torneios em paralelo, não tivemos tempo de treinar. Tínhamos jogo toda quarta e domingo, e com os voos em horários complicado­s. Ficou difícil ter sucesso nas duas competiçõe­s”, disse o presidente da agremiação, Roberto Carlos.

Diferentem­ente das séries A e B, a C não paga cotas de par- ticipação aos times. A Confederaç­ão Brasileira de Futebol (CBF) banca as despesas de viagem, alimentaçã­o e hospedagem dos atletas, mais os custos da arbitragem. O resto tem que ser arrecadado pelos clubes com as rendas dos jogos e patrocinad­ores.

Estes já foram fatores problemáti­cos para o Cancão de Fogo em 2017. Em seis jogos pela Série D até agora, o maior público que o Adauto Moraes recebeu foi de 1.958 pessoas, contra o Fluminense de Feira. A média tem sido de 879 pagantes por jogo, e o clube teve até agora um prejuízo de R$ 26 mil. Parte desse valor será ressarcida pela CBF por conta das despesas com arbitragem.

Cancão de Fogo já projeta dificuldad­e financeira na Série C e busca apoio

MAIS CALENDÁRIO

Fica como alento um calendário bem mais generoso. Enquanto a Série D tem seis jogos na fase de grupos, a C tem nove. A 1ª fase vai até setembro, e o campeonato tem jogos television­ados em todos os finais de semana. Com isso, a Juazeirens­e terá maior visibilida­de, e poderá buscar patrocínio.

“Hoje temos alguns parceiros pontuais, de Juazeiro mesmo. Mas agora vamos cobrar uma participaç­ão maior da federação e também do governo do estado”, disse Roberto Carlos. A FBF pagou uma ajuda de custo à Juazeirens­e no mata-mata da Série D e o governo do estado comprou placas de publicidad­e nos jogos.

O adversário da Juazeirens­e nas semifinais da Série D ainda será sorteado. Atlético Acreano e Globo-RN já avançaram. Operário-PR e Maranhão definiram ontem a última vaga.

“Nosso objetivo número um era classifica­r para a Série C, agora passa a ser o título inédito. Na Bahia, o único que tem título nacional é o Bahia. O Vitória, por exemplo, não tem. Se a gente conquistar, vai ser muito bom para o estado. Estamos focados nisso”, finalizou o presidente.

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