24h Republicanos criticam fala de Trump
CHARLOTTESVILLE O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi duramente criticado ontem, inclusive por importantes representantes do partido Republicano, por seu discurso ambíguo em relação aos conflitos em Charlottesville, na Virgínia, onde um neonazista atropelou diversas pessoas que protestavam contra o racismo, matando a militante Heather Heyer, no último final de semana. Anteontem, Trump teria voltado atrás e minimizado o incidente, culpando "os dois lados" pela violência dos protestos. Antes, o presidente até havia declarado que “racistas eram repulsivos”. Mas, no seu Twitter, voltou a enfatizar a responsabilidade da esquerda que teria “atacado” os neonazistas. O presidente da Câmara dos Representantes e terceira autoridade do país, Paul Ryan, criticou a “ambiguidade moral” do presidente. As críticas também vieram do Senado, com o veterano e ex-candidato presidencial John McCain, que rejeitou colocar neonazistas e antifascistas no mesmo saco, “assim como faz Trump”. Seguindo a mesma linha, o governador de Ohio e ex-rival de Trump nas pri- márias republicanas, John Kasich, disse que não há equivalência possível entre os dois grupos.
As palavras de Trump, no entanto, foram bem recebidas pela extrema-direita americana e o histórico dirigente do Ku Klux Klan, David Duke, enalteceu o presidente por "dizer a verdade". De acordo com um grupo de especialistas em direitos humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU), o racismo e a xenofobia estão aumentando nos Estados Unidos e os incidentes em Charlottesville são um exemplo dessa tendência. No rastro da violência na cidade da Virgínia, redes sociais como o Facebook e o Reddit (fórum de discussão na internet) anunciaram ontem que baniram os grupos neonazistas. O Facebook, inclusive, divulgou que excluiu oito fanpages que disseminavam discursos de ódio. Já no Twitter, o ex-presidente Barack Obama bateu o recorde máximo dessa rede social ao comentar os episódios de Charlottesville relembrando o ativista Nelson Mandela. A mensagem de Obama obteve mais de 3,2 milhões de reações positivas.