24h A graça está no detalhe
Presença constante na televisão brasileira nas últimas cinco décadas, o ator e humorista Paulo Silvino morreu ontem, no Rio de Janeiro, aos 78 anos. De acordo com a Central Globo de Comunicação, ele estava em casa, na Barra da Tijuca. Afastado da TV desde o ano passado, o ator lutava contra um câncer no estômago.
Segundo a família, Silvino chegou a ser submetido a uma cirurgia no ano passado, mas o câncer se espalhou e a opção da família foi que ele fizesse o tratamento em casa. A filha do humorista, Isabela Silvino, usou as redes sociais para falar sobre a morte do pai. “Amigos, obrigada por todas as mensagens. Ainda estou naquela de processar isso tudo. Mas posso dizer que ele foi bem. Sem sofrer”, afirmou. Silvino também era pai de Flávio Silvino - ator que teve danos cerebrais ao sofrer um acidente de carro e de João Paulo Silvino.
Desde 1967, quando estreou na Globo no programa TV Ó - Canal Zero, Silvino não saiu mais da telinha. E nos divertiu com seus tipos marcantes e bordões impagáveis. Silvino fez história com personagens maliciosos e levemente desconcertantes, sempre encerrando a cena com uma boa tirada.
Só no Zorra Total, que depois virou apenas Zorra, foram mais de dez anos ininterruptos, com vários tipos: o anjo que surgia nos quadros de mulheres bonitas em momentos inoportunos; Pai Turíbio, que consultava os búzios com o bordão “fala, buzinho, fala”, para resolver problemas amorosos de suas clientes; o porteiro Severino, que deveria conferir quem eram os visitantes e funcionários que se apresentavam na portaria da TV Globo, daí surge o famoso bordão “cara, crachá”; o náufrago Cruzoel- son, que acaba numa ilha deserta ao lado de uma bela morena chamada Serena...
Antes do Zorra, Silvino tinha feito graça em humorísticos como Faça Humor Não Faça Guerra, Satiricon, O Planeta dos Homens, Balança Mais Não Cai, Viva o Gordo, Cassino do Chacrinha e Escolinha do Professor Raimundo. No SBT, onde atuou entre
1989 a 1992, participou de quadros na Praça é Nossa e na Escolinha do Golias.
O curioso é que o humor entrou na vida dele por acaso: “Talvez seja pela minha desfaçatez, porque eu nunca tive inibição de máquina. Tenho tranquilidade com a câmera e tive vantagem em televisão por isso. O riso dos cinegrafistas é o meu termômetro”, declarou.
É que, antes de fazer graça, Paulo Silvino queria mesmo era fazer sucesso na música. Começou a carreira artística como cantor de rock, aproveitando a onda do iê iê iê. Com o nome artístico de Dickson Savana, chegou a gravar, no final dos anos 50, um disco pela Chantecler. Também gravou o LP Nova Geração em Ritmo de Samba, com o nome de Silvino Júnior, já mudando de ritmo.
Durante as décadas de
1960 e 1970, seguiu na produção musical - compondo várias canções - e teatral, escrevendo e atuando em peças e filmes. Passou pelas extintas TV Tupi, Continental, Rio e Excelsior. Seu trabalho mais recente foi na comédia Gostosos, Lindas e Sexies, de Ernani Nunes, que chegou aos cinemas em abril deste ano.
O corpo do ator Paulo Silvino será velado hoje, a partir das 8h, na capela 8 do Memorial do Carmo, na Zona Oeste do Rio. O velório estará aberto ao público das 9h às 12h. A cremação, apenas para familiares, será feita às 14h.