Trump recebe mais críticas por relativizar racismo
ESTADOS UNIDOS O secretário de Assuntos dos Veteranos dos Estados Unidos, David Shulkin, considerou ontem uma “afronta” aos ex-combatentes americanos o fato do presidente Donald Trump não questionar diretamente os neonazistas. Shulkin, que é judeu, disse em uma entrevista em Nova Jersey que os grupos de extrema-direita que se reuniram, sábado passado, em Charlottesville (Virgínia) representam uma “afronta aos ideais americanos”. O secretário é dos poucos titulares do governo Trump que falaram sobre o ocorrido. Em mensagem no Twitter, que repercutiu no mundo todo, o presidente norte-americano culpou os “dois lados” pelos incidentes na Virgínia, um posicionamento muito criticado, inclusive, por líderes republicanos. O mais contundente crítico do governo foi o procurador-geral Jeff Sessions, que qualificou o atropelamento como um ato “diabólico” de terrorismo doméstico. Já o ex-diretor da Agência Central de Inteligência (CIA, sigla em inglês) John Brennan, que ocupou o cargo durante o segundo mandato de Barack Obama (2013-2017), disse que o presidente Donald Trump causará um “dano profundo à sociedade americana e à posição do país no mundo”. Ontem, no Twitter, Trump negou que tenha defendido a “equivalência moral” entre os grupos racistas e antirracistas que participaram de protestos em Charlottesville. O presidente ainda usou a rede social para rebater as acusações do senador republicano Lindsey Graham, a quem chamou de “mentiroso nocivo”. Ainda no Twitter, Trump criticou a retirada das estátuas em homenagem a símbolos dos Estados Confederados de várias cidades do país, o estopim para os confrontos do último final de semana. Segundo Trump: “É triste ver nossa história e cultura sendo destruída com a remoção de nossas belas estátuas”. Endossando o coro de críticos à postura “ambígua” de Trump, Tim Cook, presidente da Apple, se manifestou contra o presidente e afirmou que discordava dele e de outros “que acreditam que existe equivalência moral entre racistas e nazistas e aqueles que se opõem a eles ao defender os direitos humanos”. Em nota enviada aos funcionários da empresa, Cook se comprometeu a doar US$ 2 milhões a duas entidades que defendem os direitos humanos nos EUA. Na esteira das críticas de Cook e de empresas como Facebook e Reddit, outras companhias de tecnologia também estão impossibilitando que grupos da extrema direita e seguidores de entidades neonazistas e racistas usem suas plataformas.