Voo inesperado
Formado em uma escola de aviação há cinco anos, o piloto Matheus Guerra, 26 anos, soma em sua carreira 126 horas de voo. Mas foi na terra - mais precisamente na cozinha de sua casa, no bairro do Caminho das Árvores - que ele ficou frente a frente com uma das principais pedras no sapato de qualquer piloto: um urubu.
“Ele me desafiou dentro da minha casa. Eu mandava sair, mas ele veio atrás de mim e me atacou como se eu fosse carniça”, lembra Matheus, que ficou ferido no antebraço esquerdo após ter seu apartamento invadido pela ave, na manhã de anteontem.
O rapaz procurou uma clínica particular para tratar do ferimento e foi encaminhado para o Hospital Couto Maia, na Cidade Baixa, onde tomou a vacina antitetânica.
BANHO DE PIPOCA Parcialmente recuperado do ataque, que lhe rendeu uma lesão em um nervo da mão e três dias de atestado médico, Matheus analisa que o incidente, bastante curioso, pode ter sido uma mensagem subliminar.
Praticante do candomblé, o piloto acreditou tanto na possibilidade que até já marcou uma consulta com seu pai de santo. “Eu já liguei e mandei ele preparar o banho de pipoca e o ifá [espécie de oráculo africano] para jogar os búzios, me mostrar se é algum sinal. São 14 andares e ele escolheu justo a minha janela. E ainda chegou a voltar à tarde”, conta Matheus, aos risos.
A segunda visita do animal, porém, não teve maiores sustos. “Era por volta de 14h, mas [o urubu] ficou no 6º andar, em cima da estrutura de ar-condicionado da vizinha, não mexeu com ninguém”, lembra ele, que se arriscou a afirmar que o imponente invasor se trata de uma ‘urubua’.
“Eu acho que é uma fêmea tentando proteger a cria pelo jeito raivoso que se comportou. O normal é que eles não queiram se aproximar de humanos. Cheguei a pensar que ele pode ter entrado na noite anterior e colocado um ovo em algum lugar, já que a janela estava aberta. Mas procurei e não encontrei”, falou Matheus, acrescentando que passou horas pesquisando sobre como pensam - e agem esses animais.
Piloto de avião tem apartamento invadido por urubu na capital