24h Lula recomenda que os críticos dos políticos ladrões se candidatem
CARAVANA Condenado a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava Jato no caso do triplex do Guarujá, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, no segundo dia da caravana pelo Nordeste, que, se o cidadão não quiser ser governado por “ladrão”, deve ele mesmo entrar na política.
“Quando você disser que o Lula é ladrão, que o deputado tal é ladrão, que o prefeito tal é ladrão, quando todo mundo for ladrão e ninguém prestar, ainda assim você vai ter que tomar uma decisão que é a de entrar na política. Porque o político honesto que vocês querem está dentro de vocês”, disse o ex-presidente em palestra com ares de comício na 4ª Jornada da Juventude em Cruz das Almas. Proibido pela Justiça de receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Lula participou de dois atos públicos na cidade. O primeiro, na entrada da instituição, foi organizado às pressas para preencher a lacuna na agenda da caravana. Antes, o petista visitou a universidade fundada em 2006, no fim de seu primeiro governo, e foi recebido pela direção, professores e funcionários.
O segundo foi a palestra na jornada. Para evitar problemas com a Justiça Eleitoral, o prefeito Orlandinho (PT) tratou de dizer que aquilo não era campanha antecipada nem configurava uso eleitoral da máquina municipal. Durante entrevista a uma rádio de Salvador, Lula usou uma metáfora futebolística para provocar o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), potencial adversário do petista nas eleições de 2018. “O papel dele (Doria) é o seguinte: eu vou atacar o Messi ou Mascherano no Barcelona? Vai no Messi”, disse. Em evento para empresários em Fortaleza, o tucano respondeu: “Lula, você disse que é o Messi, eu prefiro ser o Neymar, brasileiro e negro. Venha disputar a eleição, que você vai perder”. O prefeito João Doria xingou o ex-presidente Lula de “sem vergonha”, “corrupto”, “covarde” e “preguiçoso” durante um almoço com empresários.
“Eu não queria. Tinha prometido a mim mesmo que não faria, mas vou mandar um recadinho para o ex-presidente Lula: você, além de sem vergonha, preguiçoso, corrupto e covarde, declarou hoje que o João Doria não deveria viajar, mas administrar a cidade de São Paulo. Lula, além de tudo talvez você não saiba ler. Você é inexpressivo. Na primeira avaliação (da gestão), eu fechei com 70% de aprovação, enquanto o seu prefeito Fernando Haddad fechou com 15%”, disse o tucano em tom exaltado.
O dia do ex-presidente também foi movimentado no campo jurídico. O juiz federal Sérgio Moro negou ontem o pedido da defesa de Lula para adiar seu interrogatório marcado para o dia 13 de setembro. Será a segunda vez que os dois ficam frente a frente, com o petista como réu em um processo da Lava Jato, em Curitiba. “O pleito da Defesa de suspensão dos interrogatórios carece de qualquer base legal, motivo também pelo qual deve ser indeferido”, escreveu Moro, em seu despacho. O petista foi condenado a 9 anos e 6 meses por Moro, no processo do caso triplex do Guarujá. Nessa ação penal, Lula é acusado de receber R$ 12 milhões em propinas na compra de um terreno em
São Paulo.