Correio da Bahia

Dois trabalhado­res morrem após explosão em garimpo de Sento Sé

- MÁRIO BITTENCOUR­T

QUIXABA Dois homens morreram após explosão num buraco de um garimpo ilegal de ametistas na zona rural de Sento

Sé, na região do Vale do São Francisco. De acordo com a Polícia Civil da cidade, a explosão ocorreu entre as 21h30 e 22h de anteontem. Foi o primeiro acidente fatal que houve no local, que fica no povoado de Quixaba. Ivanilson Bezerra da Silva, 22 anos, morreu no local, e João Martins Cordeiro Filho, 35, chegou a ser internado em estado grave no Hospital de Traumas de Petrolina (PE), mas não resistiu aos ferimentos e morreu na tarde de ontem. Conhecido como “Serra Pelada da Bahia”, o garimpo de Sento Sé, que fica a 50 quilômetro­s da cidade, vem sendo explorado por populares há cerca de quatro meses de forma rudimentar, desde que foi descoberto por acaso, durante uma caça de tatu. Peritos do Departamen­to de Polícia Técnica da Bahia foram para o local do acidente, na tarde de ontem, para investigar as causas da explosão, que não se sabe se ocorreu pelo uso de dinamites ou bomba caseira. Cerca de 8 mil pessoas estão na região em busca da pedra violeta de quartzo cujo quilo é comerciali­zado por garimpeiro­s com valores que variam entre R$ 1,5 mil e R$ 3 mil, e que atravessad­ores vendem por até R$ 10 mil o quilo. Irmão de Ivanilson, Vando Bezerra da Silva, 28, disse que ficou sabendo, por outros garimpeiro­s, que foram jogadas duas bombas caseiras dentro de um buraco e apenas uma havia explodido. “Eles acharam que a outra não tinha funcionado e quando estavam descendo, ela explodiu”, disse ele ao CORREIO. Ainda segundo Ivanilson, o irmão foi para a mina no início da exploração. O corpo dele permanecia ontem no Hospital Municipal de Sento Sé, aguardando ser removido para o Instituo Médico Legal (IML), para posterior liberação para a família. A Agência Nacional de Mineração Nacional informou que já fez a interdição da mina em 12 de julho passado. “Só que não temos como controlar a quantidade de pessoas que estão lá. Isso só seria possível com uma grande operação”, disse o chefe da fiscalizaç­ão da agência Cláudio da Cruz Lima, ao justificar a continuida­de da exploração ilegal. Ele informou que esteve na semana passada na mina e que vem tentando a regulariza­ção por meio da criação de uma cooperativ­a de garimpeiro­s. “Tivemos audiência pública com vários órgãos e estamos dando os encaminham­entos para ver como podemos resolver isso”. Segundo a agência, na área de 253 hectares do garimpo há 6.457 poços de retirada de ametista - nem todos eles ativos - e 2.270 barracas usadas por garimpeiro­s.

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