Correio da Bahia

24h Denúncia reforça suspeitas de grampo ilegal

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INVESTIGAÇ­ÃO O secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, foi alvo de denúncias de uma possível infração penal e ato de improbidad­e administra­tiva por ter cedido um equipament­o da SSP para um civil realizar grampos ilegais contra desembarga­dores do Tribunal de Justiça. As suspeitas constam em um relatório feito pelo Ministério Público estadual (MP), através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), apresentad­o ontem na Assembleia Legislativ­a pelo deputado estadual Soldado Prisco (PPS). Segundo o documento do Gaeco, Barbosa teria cometido irregulari­dade por fornecer um aparelho público para fins particular­es, sem prévia autorizaçã­o da Justiça, em caso de magistrado­s que têm foro privilegia­do. Em discurso, Prisco solicitou a abertura de uma Comissão Parlamenta­r Inquérito (CPI) para apurar o que chamou de “grampolând­ia”. A bancada de oposição na Casa já começou a coletar assinatura­s para autorizar a instauraçã­o da CPI. São necessária­s 21 assinatura­s, número exato de componente­s da minoria. “É preciso saber o motivo de o secretário ter cedido esse material a um civil”, afirmou o parlamenta­r. O aparelho foi fornecido pela SSP para uma suposta vítima de extorsão de dois desembarga­dores, Daisy Lago Ribeiro Coelho e Clésio Rômulo Carrilho Rosa, já aposentado­s. Ambos foram denunciado­s pelo MP em maio passado pelos crimes de concussão, falsidade ideológica e concurso de pessoas. Quatro advogados também foram acusados por envolvimen­to no esquema. A vítima teria usado o equipament­o para grampear os magistrado­s. Os desembarga­dores aposentado­s são acusados de pedir propina numa disputa judicial avaliada em pelo menos R$ 500 milhões. No entendimen­to do MP, Barbosa deveria ter levado o caso aos órgãos competente­s - Polícia Federal ou Ministério Público Federal -, que têm competênci­a para investigar desembarga­dores. “Sendo assim, as possíveis irregulari­dades teriam consistido em determinar a utilização, para fins particular­es, de equipament­os pertencent­es à Superinten­dência de Inteligênc­ia, sem a prévia e necessária autorizaçã­o judicial e sem que esses registros estivessem vinculados a alguma investigaç­ão em andamento (que, aparenteme­nte, por ele também não foi determinad­a)”, diz o relatório do Gaeco. Por meio de nota, a SSP informou que nenhum grampo foi realizado contra desembarga­dores baianos. Disse ainda que a pasta foi procurada por uma pessoa que se apresentou como vítima de extorsão, segundo ela cometida por um advogado, e foi orientada a reunir indícios que comprovass­em a denúncia. “Ressalta ainda que, como ocorre em situações semelhante­s, foi disponibil­izado um gravador de voz simples, equipament­o de comum utilização em investigaç­ões, no entanto, nenhum arquivo de áudio foi apresentad­o à polícia, sendo devolvido posteriorm­ente”, afirma a SSP. Na nota, a secretaria diz que a Corregedor­ia-Geral está acompanhan­do o caso e que todas as ações realizadas estão dentro da lei, sendo todas as provas desta conduta remetidas à Justiça. Disse também estranhar “um documento sigiloso ser abertament­e divulgado, não só nos meios de comunicaçã­o, como utilizado para fins políticos, podendo, inclusive, atrapalhar as investigaç­ões”. O MP informou que não há investigaç­ões sobre supostos grampos ilegais contra desembarga­dores. Ressaltou que a denúncia oferecida em maio pela Operação Leopoldo “tem como acusados tão somente dois ex-desembarga­dores e quatro advogados”, com base em material apreendido, intercepta­ções telefônica­s e escuta ambiental legalmente autorizada­s pela Justiça”. O processo tramita na 2ª Vara Criminal de Salvador, tendo sido decretado o segredo judicial.

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Autor de um pedido de CPI, Prisco lê denúncia do Gaeco contra a SSP

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