Correio da Bahia

A agonia de quem tentava saber

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É difícil enxergar, no horizonte, quando será possível lidar com o trauma da tragédia em Mar Grande. Além do desespero de moradores para tirar as pessoas do mar – houve quem usou prancha e até jet ski para acessar a lancha acidentada –, muitas pessoas tinham, entre as possíveis vítimas, familiares. E a busca por informaçõe­s foi uma angústia do tamanho do mar.

Amparado, um rapaz caminhava em busca de informaçõe­s sobre a mãe. Ele pensou que ela estivesse no hospital, fazendo fisioterap­ia, mas descobriu que tudo indicava que não saiu da lancha Cavalo Marinho I. “Ela fez uma operação no joelho”, disse, com os olhos marejados, sem querer conversar.

Após serem colocados na areia da Gamboa, os corpos foram levados para o centro comunitári­o Brasil Esporte Clube, onde só parentes podiam ter acesso. Mesmo de fora, dava para ouvir os gritos de quem reconhecia algum ente querido. “Estou sem acreditar. Minha irmã morreu. Ela ia ao médico junto com o marido”, contou Alexsandra Bonfim dos Santos, que tinha acabado de ver o corpo de Alessandra Bonfim dos Santos, 36. O cunhado dela, Justiano de Jesus, 64, foi socorrido para o Hospital Geral de Itaparica.

Quem podia estar entre as vítimas também deu apoio aos familiares de vítimas. “Era a lancha de 6h30. Alguma coisa me disse: ‘não vá’”, contou Verônica Carvalho, 40, que desistiu de levar o filho, 9 anos, ao médico, por causa do mau pressentim­ento. Na praia, ao lado de outros parentes, tentava ajudar como podia.

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Parente de uma das vítimas do naufrágio da lancha Cavalo Marinho I é amparado em Mar Grande

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