Pai de Guilherme: ‘Não gosto de me lembrar’
MORTO POR PADRASTO Os olhos marejados e a voz embargada refletiam a dor do motorista Gilson Raimundo da Silva, 43 anos. Pai do menino Guilherme da Silva, 9, morto pelo padrasto com um tiro na nuca, na manhã de terça-feira, no distrito de Barra de Pojuca, em Camaçari, ele acredita que a morte do filho tenha sido premeditada. Gilson contou ao CORREIO ontem, no Instituto Médico Legal (IML), que o autor confesso do crime, o garçom Charle de Jesus Santos, 27, padrasto de Guilherme, mandou que um mototaxista o avisasse sobre a morte. “Eu não gosto nem de lembrar.
Saí desesperado de casa e fui até o sítio. Um lugar estranho, cavernoso, à beira de um rio. Eles levaram meu filho lá pra fazer a maldade”, disse ele, chorando.
Ao chegar no local, o motorista já encontrou Guilherme sem vida. A preocupação com o filho, no entanto, não deu espaço para que observasse o comportamento de Charle que só confessou ser o autor do disparo um dia depois do crime. “Fiquei do lado do meu filho até retirarem o corpo de lá. Meu filho tinha sonhos, era um menino lindo, todo mundo gostava dele. Eu não acredito nele (no padrasto), nunca acreditei”, falou. Além do garoto, Gilson tem uma filha adolescente de 17 anos com a mãe de Guilherme, com quem foi casado por 12 anos. “Meu desejo (desde a separação) sempre foi que meus filhos ficassem comigo, mas achamos que o melhor era que ficassem com a mãe”. O último contato com a criança, segundo o motorista, aconteceu no Dia dos Pais. “Eu sempre estava com eles, bastava me ligarem e eu ia buscar”, lembra, acrescentando que morava próximo à ex-esposa. Conforme Gilson, os filhos nunca se queixaram de qualquer comportamento do padrasto, com quem moravam. Ele, no entanto, confessa que não tinha um bom relacionamento com a mãe dos filhos e que só conhecia Charle de vista.
“Eu nunca quis saber deles ou do que eles faziam. Minha vida sempre foi os meus filhos. Meu menino e minha menina, que está em choque com a morte do irmãozinho dela”, lamentou.