Correio da Bahia

TURN UP THE QUIET

- Doris.miranda@redebahia.com.br

Com 52 anos, com cinco prêmios Grammy e oito álbuns no topo da Billboard Jazz Albuns, a cantora e pianista Diana Krall sabe bem por onde anda. Até mesmo para brincar com outras possibilid­ades sonoras, como o pop e a bossa nova, estilos que experiment­ou nos últimos álbuns. Agora, Krall volta ao jazz, gênero que lhe consagrou como uma de suas atuais divas, no álbum Turn Up The Quiet (Universal Music), que em tradução livre significa Aumente o Silêncio.

Neste novo trabalho, o primeiro de standards desde o bossa-novístico Quiet Nights (2009), a cantora utiliza toda sua elegância para recriar clássicos românticos do cancioneir­o americano, executados com arranjos próprios. E ela não se vale apenas do seu piano virtuoso. Dessa vez, Krall dirige três superbanda­s, compostas por alguns dos instrument­istas mais qualificad­os do jazz.

Gente como Christian Bride, que toca o baixão acústico na faixa de abertura, o clássico Like Someone in Love (Van Heusen/Jhonny Burke), cuja guitarra é de Russel Malone. Os mesmos que tocam na obrigatóri­a Night and Day (Cole Porter), uma das canções mais regravadas na história da música americana.

Em outros momentos, como em Sway (Pablo Bletran Ruiz/Norman Gimbel), Diana toca acompanhad­a pelo baixista Anthony Wilson, o guitarrist­a Jhon Clayton Jr. e o baterista Jeff Hamilton. O álbum foi produzido por Tommy LiPuma, várias vezes premiado no Grammy, que morreu em março, poucos meses antes do álbum ser lançado.

Casada com o cantor e compositor inglês Elvis Costello, voz marcante do rock britânico nos anos 80, Diana Krall não esperou muito para cair na estrada com o repertório de Turn Up The Quiet. Começou a rodar pelos Estados Unidos em junho e, a partir de setembro, viaja para a Europa.

O repertório, ela diz, funciona com um bálsamo para tempos tão inquietant­es. Mas isso foi um processo intuitivo, nada intenciona­l. “As canções foram me direcionan­do para um lugar de vibração positiva. O show ao vivo tem começado num clima romântico, em que canto Blue Skies, I’m Confessin e outras coisas mais esperanços­as. Mas, muitas das canções que eu interpreto foram escritas em épocas turbulenta­s. Você pode interpretá-las de diversas formas”, diz.

Curioso é que esse clima amoroso foi precedido por diversas situações difíceis vividas pela cantora nos últimos anos: “Meu pai morreu; em 2014, eu tive uma pneumonia muito grave... Demorou três anos para que eu me sentisse segura o suficiente para voltar a trabalhar. Mas, agora, estou me sentido forte de novo, fisicament­e e mentalment­e”.

Mas Diana conta que esse sentimento de impotência não é só seu. “Há muita tristeza nesse mundo. Mas, ainda assim, em algum lugar, alguém se apaixona, pessoas celebram pequenas vitórias... Pessoas nascem e morrem. É a vida”, filosofa a artista, que é mãe dos gêmeos Dexter e Frank, de 10 anos. Foi essa sabedoria que a fez lidar com a morte do premiado produtor Tommy LiPuma: “Foi uma experiênci­a traumática, mas agora estamos superando com uma certa tranquilid­ade. O show ajuda muito, porque é divertido de fazer. Os músicos me puxam para cima”.

Artista Diana Krall

Produção Tommy LiPuma e Diana Krall

Gravadora Universal Music

Preço R$ 28

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil