Correio da Bahia

Obesidade, um caso de saúde pública

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O Brasil está ficando gordo. Bem mais gordo. Ou melhor: obeso. Em dez anos, a obesidade cresceu em todas as faixas etárias dos brasileiro­s e, o que é mais preocupant­e, quase dobrou entre os jovens de 14 a 18 anos, passando de 4,4% para 8,5%. Atualmente, metade da população brasileira está acima do peso. Os dados são do Vigitel, o sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, que faz parte das ações do Ministério da Saúde para estruturar a vigilância de doenças crônicas não transmissí­veis (DCNT). Por sua dimensão crescente, a obesidade deve ser tratada como um caso de saúde pública, uma vez que é o agente causador de outras doenças, sendo dez delas comprovada­mente relacionad­os ao peso excessivo do corpo: pressão alta, diabetes, doenças do coração, colesterol elevado, cânceres (o peso aumenta as chances de desenvolve­r inúmeros tipos de câncer em 50% como, nas mulheres o do endométrio), infertilid­ade, dor lombar, infecções de pele, úlceras e pedras na vesícula biliar.

Entre os brasileiro­s que estão acima do peso (mais de 100 milhões de pessoas) um em cada cinco é obeso. Os demais caminham para isso. A obesidade é medida pelo Índice de Massa Corporal, a divisão do peso de uma pessoa pela sua altura ao quadro. Na fórmula simples: IMC= Peso: Altura ². Feito as contas, o excesso de peso se verifica quando o IMC é igual ou superior a 25 mg/m²; e a obesidade se dá quando o IMC é igual ou superior a 30 mg/m²

Gulosa e se alimentand­o de espalhar gorduras pelo corpo, a obesidade avança em todas as categorias, como demonstrou a pesquisa Vitel. O percentual de brasileiro­s com obesidade moderada (IMC entre 35 e 40 mg/m²) passou de 2,1% para 3,7% da população, num avanço de 76%, em um decênio. Já o percentual de adultos com obesidade leve (IMC entre 30 e 35 mg/m²) cresceu 58% na mesma década, enquanto 1,6% dos adultos apresentar­am um quadro de obesidade mórbida ou grave (IMC superior a 40 mg/m²).

Nem as crianças estão salvas do sobrepeso e da obesidade, que também cresceram na faixa etária de 5 a 9 anos, na qual 33% dos meninos e meninas têm excesso de peso e 14,3% são obesos. O sobrepeso e a obesidade entre os jovens trazem o risco de contrair precocemen­te doenças crônicas. Hoje, já se veem jovens e até adolescent­es tomando remédios para diabetes, colesterol e hipertensã­o arterial, males antes associados a pessoas com mais de 40 anos de idade.

Entre os fatores que causam sobrepeso e obesidade estão os maus hábitos alimentare­s, como a troca do tradiciona­l feijão com arroz por alimentos mais calóricos, a falta de atividade física e vida estressant­e moderna. Para combater e prevenir a obesidade, além da alimentaçã­o sadia e balanceada, da prática de exercícios físicos e da busca do equilíbrio entre o corpo e a mente para combater o estresse, é preciso criar centros especializ­ados para o tratamento de obesidade, hipertensã­o e diabetes, para os quais os pacientes devem ser encaminhad­os pelas unidades de saúde, com base numa classifica­ção de risco.

É preciso também que se estabeleça, cada vez mais, a consciênci­a de que a obesidade é uma doença; uma doença que engorda o Brasil.

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