Em Ondina
O corpo de uma baleia da espécie jubarte encalhou ontem na praia de Ondina, em Salvador, ficando preso entre as pedras na área atrás do Bahia Othon Palace. O encalhe atraiu a curiosidade de pescadores e banhistas, que foram até o local observar a baleia e não se esquivaram de transformar os restos do cetáceo em trampolim para saltos no mar.
De acordo com a pesquisadora do Instituto Baleia Jubarte, que atua na proteção da espécie na Bahia, Luena Fernandes, o animal já estava em estado de decomposição quando a maré levou a carcaça para a praia. Ela acrescenta que se trata de um animal jovem, macho, com cerca 10 metros de comprimento e 20 toneladas. Uma baleia adulta chega a medir 16 metros e pesar 40 toneladas.
Uma equipe de biólogos esteve no local ontem para registrar a ocorrência, mas a retirada dos restos da baleia só será feita hoje, a partir das 7h, por uma equipe de 44 agentes da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb). Para facilitar a retirada do corpo, ele será cortado em pedaços com auxílio de uma máquina. Segundo a assessoria da Limpurb, um caminhão e três caçambas vão levar os restos da baleia para o aterro sanitário.
A pesquisadora Luena Fernandes suspeita que o animal tenha morrido por causas naturais. Mesmo quando a baleia for retirada da praia, ela recomenda que os banhistas evitem o local por algum tempo, devido ao risco de doenças e da aproximação de predadores como tubarões, atraídos pelo sangue do corpo em decomposição.
“É importante que as pessoas não cheguem perto por conta das doenças que o mamífero pode passar. Ainda não sabemos a causa da morte do animal”, recomenda a especialista.
Essa é a temporada que as baleias jubarte visitam a costa da Bahia para se reproduzir. Os mamíferos marinhos vêm da Antártida para o litoral brasileiro acasalar e amamentar os filhotes e costumam fazer parte do cenário das praias locais no Inverno e na Primavera. O banco de Abrolhos, no Sul do estado é um berçário da espécie.
Este ano, o Instituto Baleia Jubarte já registrou 67 encalhes de jubartes na costa brasileira, 25 deles somente na Bahia. De acordo com Luena Fernandes, três encalharam no município de Camaçari, nas localidades de Arembepe, Itacimirim e Jauá; uma no município de Entre Rios, em Massarandupió; e todas as outras no Sul do estado.
Luena ainda diz que o número de encalhes é considerado normal. “A baleia jubarte está se recuperando da caça predatória que quase dizimou a espécie. Esse número é normal porque é natural que algumas delas morram durante a migração”, explica.
Ontem, a baleia morta despertou a curiosidade de quem frequenta a praia de Ondina. A estudante Carine Andrade, 22, foi tomar banho de mar e resolveu verificar o animal, mas se arrependeu: “Nunca vi uma coisa tão chocante. Já vi casos desses no Sul da Bahia, mas nunca pensei que iria ver uma baleia encalhada e morta aqui em Salvador”, exclamou.