Correio da Bahia

Expectativ­a de nova denúncia faz Temer antecipar retorno ao Brasil

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CHINA Na expectativ­a de enfrentar uma segunda denúncia na próxima semana, o presidente Michel Temer decidiu antecipar em um dia a volta da China, chegando ao Brasil na terça-feira. A justificat­iva oficial é a de que Temer quer estar no País para acompanhar a votação da proposta de mudança das metas fiscais de 2017 e 2018. Em conversas reservadas, no entanto, o presidente tem dito que, além de se defender no campo jurídico, precisa articular forte reação política à provável denúncia. Além disso, Temer decidiu partir para o ataque, na tentativa de criar uma “vacina” contra as acusações, e divulgou ontem nota em que desqualifi­ca o operador Lúcio Funaro, que firmou acordo de delação com a Procurador­ia-Geral da República, e chama o empresário Joesley Batista, da JBS, de “grampeador-geral da República”. A nota, assinada pela Secretaria de Comunicaçã­o da Presidênci­a (Secom), diz que a “suposta segunda delação” de Funaro apresenta “inconsistê­ncias e incoerênci­as próprias de sua trajetória de crimes”. Afirma ainda que Temer se reserva o direito de não tratar de “ficções e invenções” de quem quer que seja. Cita, ainda, que o operador - chamado apenas de “doleiro” – acionou a Justiça, meses atrás, para cobrar valores devidos a ele pelo grupo de Joesley. Foi o dono da JBS quem gravou Temer, em conversa que veio a público em maio. Temer está em visita oficial à China, onde participa de encontro do Brics grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Embora interlocut­ores do presidente digam que a última “flecha” do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, antes de deixar o cargo, não terá potencial para fazer grandes estragos, o receio do Planalto é de que a cobrança da fatura, por parte dos aliados, seja mais alta. O Planalto recebeu informaçõe­s de que a denúncia de Janot contra Temer será por obstrução da Justiça. Na nota divulgada nesta sexta, a Secom cita o diálogo gravado clandestin­amente por Joesley para sustentar que o presidente “jamais” obstruiu a Justiça.

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