Correio da Bahia

Brasileiro vai às compras e ajuda economia a reagir

- Donaldson Gomes e agências donaldson.gomes@redebahia.com.br

Com mais dinheiro circulando, graças à liberação do FGTS de contas inativas no primeiro semestre, crédito mais em conta com as seguidas reduções da taxa básica de juros, além da inflação sob controle, o brasileiro decidiu ir às compras. O resultado no movimento nas contas do país foi o segundo trimestre consecutiv­o de cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB) pela primeira vez em três anos.

O cresciment­o do PIB do segundo trimestre, de 0,2% em relação ao primeiro trimestre deste ano, foi puxado pelo setor de comércio e serviços e pelo consumo, afirmou, ontem, a coordenado­ra de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), Rebeca Palis. O comércio brasileiro teve alta de 1,9% na comparação com o primeiro trimestre e puxou os serviços. Pelo lado da demanda, o destaque foi o consumo das famílias, que apresentou uma alta de 1,4%

Entre a série de fatores para explicar a alta do consumo das famílias, Rebeca citou a massa salarial crescendo em termos reais, “porque o salário real está crescendo, com a forte desacelera­ção da inflação”. “O aumento do salário real mais que compensou a queda na ocupação”, afirmou Rebeca, lembrando que houve também o efeito positivo da liberação dos recursos das contas inativas do FGTS.

Outros fatores por trás da alta do consumo são as taxas de juros menores, embora o crédito ainda esteja caindo em termos reais.

No geral, para a pesquisado­ra, o destaque positivo do PIB do segundo trimestre foi o consumo das famílias, enquanto o destaque negativo foi a queda dos investimen­tos (de 0,7% ante o primeiro trimestre e de 6,5% em relação ao segundo trimestre de 2016).

Desemprega­da, a carioca Julia Viana enxergou na liberação dos recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) uma oportunida­de de colocar as pendências em dia. Comprou um sofá-cama, fez a manutenção do carro e investiu num curso para tentar um retorno ao mercado de trabalho. “Eu estava esperando me acertar num novo emprego para fazer essas coisas que vinha adiando, mas veio o dinheiro e resolvi logo”, conta. Julia e milhões de brasileiro­s voltaram às compras no segundo trimestre do ano.

Consumo e varejo sustentam 2º PIB trimestral positivo consecutiv­o

TRAJETÓRIA CRESCENTE

O cresciment­o do PIB do segundo trimestre deste ano confirma a trajetória mais positiva da atividade econômica. “Olhando o ciclo, a partir do segundo semestre do ano passado, estamos em trajetória ascendente”, afirmou Rebeca, mostrando um gráfico com a variação do PIB acumulado em quatro trimestres.

A pesquisado­ra frisou que o IBGE não data os ciclos econômicos, identifica­ndo o término da recessão, mas reconheceu que essa trajetória ascendente é “coerente com a saída de uma recessão”.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Para o IBGE, o ajuste fiscal conduzido pelos governos federal e estaduais afetou o desempenho da construção. A construção teve um recuo de 7,0% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, a principal contribuiç­ão negativa para o PIB industrial,

COMPARAÇÃO ANUAL

A alta de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, ante igual período de 2016, foi a primeira variação positiva após 12 trimestres de queda. Já a alta de 0,7% no consumo das famílias, também na comparação anual, foi a primeira após nove quedas. Na contramão, a queda do consumo do governo foi histórica. O tombo de 2,4% só é superado pela queda de 2,8% registrada no quarto trimestre de 2000.

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