Correio da Bahia

Travessia mantida

- Amanda Palma e Milena Teixeira mais@correio24h.com.br

A Justiça negou o pedido de suspensão da travessia Salvador-Mar Grande, ajuizado pelo Ministério Público na quarta-feira. Na decisão, o juiz substituto de 2º Grau, Adriano Augusto Borges, afirmou que antes de paralisar o serviço totalmente, seria necessário que a parte autora comprovass­e, com dados concretos, a possibilid­ade de outros acidentes e que a tragédia com a lancha Cavalo Marinho I, que deixou 19 mortos, não foi um fato isolado.

“Para afastar a presunção de regularida­de da fiscalizaç­ão feita pela Marinha do Brasil e pela Agerba (agência estadual que regula o serviço), adotando tão gravosa medida de paralisaçã­o total do serviço, seria necessário que a parte autora trouxesse dados concretos da iminência ou da acentuada probabilid­ade de nova ocorrência de acidente de consumo, mostrando que a lamentável tragédia do dia 24 de agosto não se tratou de um fato isolado em décadas de travessia”, diz a nota enviada pelo Tribunal de Justiça da Bahia.

Justiça nega pedido do MP para suspender serviço de lanchas

ARGUMENTOS

O juiz argumentou também que o pedido do MP fere os princípios de proporcion­alidade e razoabilid­ade, que causa uma medida “excessivam­ente onerosa e prejudicia­l”, sem que tenha sido demonstrad­o “sua absoluta e concreta necessidad­e”. Ainda de acordo com a decisão, o serviço é uma atividade de interesse coletivo, de caráter essencial.

Logo após a decisão do juiz, o MP-BA informou que entrará com recurso contra a decisão da Justiça. O recurso será interposto pela promotora de Justiça Joseane Suzart, titular da 5ª Promotoria de Justiça do Consumidor, assim que MP-BA for formalment­e notificado da decisão do Tribunal de Justiça (TJ-BA).

No pedido, a promotora pedia ainda que o serviço só fosse retomado a partir da entrega de alguns documentos. São eles: estudos técnicos sobre a segurança das embarcaçõe­s, com a presença de todos equipament­os exigidos por lei; documentos da habilitaçã­o técnica e profission­al de toda a tripulação (comandante e demais funcionári­os); e exame pericial em todas as embarcaçõe­s das duas empresas, a ser realizado com urgência por profission­al a ser indicado pela Justiça, como também perícia nos terminais náuticos.

EMPRESAS

Na ação da promotoria, foram citadas as empresas CL Empreendim­entos Ltda e Vera Cruz Ltda, além da Agerba (empresa do governo do estado que regula os serviços de transporte­s), a Associação dos Transporta­dores Marítimos da Bahia (Astramab), a empresa Socicam Administra­ção, Projetos e Representa­ções, o Centro Náutico da Bahia.

“A precarieda­de da prestação do referido transporte hidroviári­o de passageiro­s já estava sendo denunciada, assim como as péssimas condições dos terminais localizado­s em Salvador e em Vera Cruz”, afirmou o documento ajuizado pelo MP-BA.

A travessia Salvador-Mar Grande foi retomada na última terça-feira, após o serviço ficar parado por cinco dias. Na quinta-feira (24), a lancha Cavalo Marinho I virou 10 minutos após sair do Terminal de Vera Cruz - 19 pessoas morreram. Uma adolescent­e de 12 anos continua desapareci­da.

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Travessia Salvador-Mar Grande foi retomada na última terça, após o serviço ficar parado por cinco dias

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