Correio da Bahia

PMs que ajudaram vítimas ganham medalhas

- NILSON MARINHO

O troféu de pouco menos de 20 cm parece pequeno diante da coragem e da solidaried­ade do sargento Jonas Coelho de Araújo, da 5ª Companhia Independen­te de Polícia Militar (CIPM/Vera Cruz), um dos cinco policiais que, na manhã do dia 24 de agosto, embarcaram na lancha Cavalo Marinho I, que adornou em Mar Grande.

A homenagem também foi feita para os outros quatro PMs que viajavam na embarcação e participar­am do salvamento e resgate de inúmeras vítimas. O cabo Jailson Nascimento Cardoso, da Rondesp/BTS, e os soldados Davi Borges Souza, também da 5ª CIPM, Valdemar Alves de Freitas Júnior, da 1ª CIPM, e André Luis Batista de Oliveira, da 23ª CIPM, receberam os aplausos de colegas e familiares que assistiam à cerimônia. Ainda em recuperaçã­o, o soldado André Luis não compareceu à homenagem.

O sargento Araújo estava em serviço na noite anterior ao acidente e precisou ser liberado mais cedo pelo seu superior para buscar um documento no bairro da Ribeira, em Salvador, na manhã seguinte. De lá, ele iria até a cidade de Nazaré (das Farinhas), no Recôncavo, onde resolveria outras coisas. Os planos mudaram completame­nte 10 minutos depois de passar pela catraca do Terminal de Vera Cruz.

Sobre o acidente, ele relata que estava na lateral da embarcação, justamente no lado para onde os outros passageiro­s correram, depois de uma forte chuva. Em questão de segundos, foi tomado de súbito pelo movimento da embarcação, que inclinou e, nessa parte, submergiu.

“Tinha alguém ou alguma coisa me prendendo, me prensando. Quando fiquei mais folgado, consegui sair mergulhand­o, mas o vácuo da embarcação me puxava para o fundo”, narrou o sargento. Na superfície, ele foi prestar ajuda aos passageiro­s que ainda lutavam pela vida. “Assim que eu consegui vencer, quando respirei, olhei em volta e, com a experiênci­a que tenho, pensei: ‘agora preciso ajudar as pessoas que estão aqui’”, contou. O PM ajudou dezenas de pessoas a colocar coletes salva-vidas e a subir nos botes.

Os outros policiais chegaram até a atirar para cima. Sinalizado­res também foram disparados. Em vão.

Nem as menções honrosas emocionara­m tanto o PM quanto o abraço que ele recebeu do seu pai, um ex-combatente da Marinha, que esteve em cenário de guerra, depois que tropas brasileira­s desembarca­ram na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial. “Ele é um guerreiro. Nós herdamos alguma coisa dos nossos pais e eu me sinto muito orgulhoso por isso”, disse o sargento.

Quando perguntado o que estava fazendo em uma embarcação temida por muitos usuários, respondeu: “No momento certo, na hora certa. Eu tenho muita proximidad­e com o mar. Me senti tranquilo, porque o mar é uma das minhas casas, até porque já passei por situações piores”, disse.

O reconhecim­ento, criado neste ano, destaca os esforços de PMs que participar­am de ações considerad­as “delicadas” entre os meses de março e agosto, e que, de alguma forma, deram seu melhor como profission­ais. Entre eles estavam policiais de todo o estado. Alguns participar­am de operações contra roubos a bancos e negociaçõe­s em sequestros.

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