Morre aos 74 anos a atriz e cantora Rogéria
ARTE DE LUTO Cantora, atriz, vedete, maquiadora, jurada, modelo. De todas as profissões que exerceu em 74 anos de uma vida que chegou ao fim na noite de ontem no Rio de Janeiro. Rogéria preferia mesmo era chamada de artista. A informação de sua morte foi confirmada ao jornal Folha de S. Paulo por sua amiga de mais de 50 anos, Eloisa dos Leopardos. “Fiquei sem ação. Estou em estado de nervo. Uma amizade de 50 anos”, disse Eloisa, que contracenou com Rogéria no documentário Divinas Divas. Nascida em Cantagalo (a 200 km do Rio) em 1943, Rogéria cresceu na capital do estado (e então do Brasil), onde teve contato com as artes desde criança. Inspirada pelas vedetes de revistas, entrou no teatro. Começou a carreira na coxia, maquiando. Até que, incentivada por Fernanda Montenegro, voltou os pincéis de maquiagem para o próprio rosto. Astolfo Barroso Pinto virava Rogéria, uma dama fluente em francês e em piadas rápidas, que fizeram Grande Otelo chamá-la de “Uma arma do humor”.Rogéria usava o epíteto A Travesti da Família Brasileira para falar de si mesma, muitas vezes na terceira pessoa. Um título que conquistou com centenas de horas de horário nobre. Esteve em Viva a Noite, Tieta, A Grande Família, Sai de Baixo, Malhação, e invadiu casas do Oiapoque ao Chuí com seu gênero que embaralhava definições e mentes –ela se identificava como transformista, mas concedia liberdade poética: “Pode chamar de bicha mesmo”.