Correio da Bahia

Estado culpa agências por boicote ao CORREIO

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INQUÉRITO O governo da Bahia atribuiu às três agências que cuidam da publicidad­e do Executivo a responsabi­lidade pela escolha dos veículos beneficiad­os com propaganda institucio­nal do estado, aponta documento do Ministério Público estadual (MP). No registro, que integra o inquérito civil para apurar o boicote ao jornal CORREIO apontado pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ), o governo diz que a Secretaria de Comunicaçã­o (Secom) não interfere na seleção das empresas jornalísti­cas que recebem verbas para publicar anúncios e que a decisão cabe às agências.

A investigaç­ão foi aberta no último dia 18 de julho e é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administra­tiva do MP (Gepam). As três agências que prestam serviço para o estado são CCA, Leiaute e Objetiva Comunicaçã­o Ltda. As informaçõe­s foram prestadas ao MP pela coordenaçã­o administra­tiva da Secom, em audiência realizada no último dia 27 de julho. De acordo com o documento, no momento da seleção “a Secom informa qual o tipo de veículo será alcançado com a publicidad­e institucio­nal (jornal, TV, internet, etc), ficando a agência responsáve­l pela escolha efetiva do veículo”. A coordenaçã­o da secretaria não soube informar se, no momento da apresentaç­ão da proposta, “a agência informa qual o veículo específico que a publicidad­e será transmitid­a”.

Mas nos contratos de publicidad­e entregues pela Secom ao Ministério Público está definido que, na contrataçã­o dos veículos de comunicaçã­o e demais fornecedor­es, as agências atuam sempre “por ordem e conta” da secretaria. E que isso se dá de acordo com as solicitaçõ­es e estipulaçõ­es da secretaria, tendo as agências de submeter a ela previament­e os veículos e demais fornecedor­es subcontrat­ados, o que contradiz a alegação do governo. Procuradas pelo CORREIO, as agências não quiseram se manifestar.

Em julho passado, a ANJ divulgou uma nota de repúdio ao boicote. No comunicado, a ANL lembra que desde o ano passado, a publicidad­e do governo no jornal foi reduzida drasticame­nte. Por causa do corte, o CORREIO apresentou uma representa­ção ao MP, que deu origem ao inquérito para apurar o caso. Ainda no depoimento, a coordenaçã­o da Secom negou que houve redução de publicidad­e no periódico entre os anos 2015 e 2017. Todas as campanhas publicitár­ias do governo são publicadas em outros jornais, mas não no CORREIO. O CORREIO é líder de mercado na Bahia e no Nordeste, com circulação média diária de 44.548 exemplares em junho, 45% maior que o segundo colocado, conforme dados do Instituto Verificado­r de Circulação (IVC), que audita o mercado. O site do jornal, o correio24h­oras.com.br, também é o de maior audiência da Bahia e do Nordeste. Mas, segundo a ANJ, “apesar da grande circulação e da ampla audiência do CORREIO, o governo do estado tem preferido discrimina­r o jornal, evidenteme­nte em função de sua linha editorial”.

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