Gravador de Joesley não poupa nem ele
Áudio de delator compromete acordo firmado por ele e empresa
Apelidado pela assessoria de imprensa da Presidência da República de “grampeador-geral da República”, o empresário Joesley Batista, sócio da JBS mostrou que faz jus ao nome – embora já tenha deixado claro não ter gostado dele. Um dos áudios que ele entregou à Procuradoria-Geral da República na última semana foi tornado público ontem e as quatro horas de conversas entre ele e diretores da JBS colocaram ele e os outros seis delatores da empresa sob o risco de perder os acordos de delação e de leniência. O primeiro é importante para lhes garantir a liberdade, após a confissão de crimes, e o segundo é fundamental para o futuro das empresas dele.
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu tornar pública a gravação do diálogo entre os delatores da JBS em que são citados ministros do Supremo. Fachin resolveu pelo fim do sigilo, sob a justificativa de que o interesse público deve prevalecer. “Quanto ao sigilo, anoto que se trata de conversa gravada e disponibilizada pelos próprios interlocutores, razão pela qual nenhuma dúvida remanesce a respeito da licitude da captação do diálogo e de sua juntada aos autos como elemento de prova”, disse.
INVESTIGAÇÃO INTERNA
Com base neste áudio, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou anteontem ter aberto um procedimento interno para analisar a revisão do acordo de colaboração da JBS. Segundo o procurador-geral Rodrigo Janot, os documentos e depoimentos dados pelos delatores não correm risco de perder a validade mesmo em caso de revisão do acordo. Mas os delatores podem perder os benefícios.
O teor da conversa foi reputado como “gravíssimo”. Na interpretação da PGR, o áudio traz indícios de omissão de crimes por parte dos delatores e também lança a suspeita de que o ex-procurador da República Marcelo Miller “teria atuado em favor dos colaboradores Joesley Batista e Ricardo