Correio da Bahia

24h Funaro diz ter buscado R$ 1 milhão de Temer em escritório de Yunes

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DELAÇÃO O corretor Lúcio Funaro disse em sua delação premiada que o presidente da República, Michel Temer, dividiu com Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-homen forte de seu governo, propina da Odebrecht. Nos anexos de sua colaboraçã­o, já homologada pelo Supremo, ele afirmou ter buscado R$ 1 milhão em espécie, supostamen­te pagos pela empreiteir­a, no escritório do advogado e ex-deputado José Yunes, amigo de Temer. Relatou também ter mandado a quantia para Geddel, na Bahia.

As declaraçõe­s de Funaro conferem com a versão apresentad­a pelo ex-diretor de Relações Institucio­nais da Odebrecht Cláudio Mello Filho em sua delação. Ele relatou ter negociado com Temer e seus aliados, entre eles o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), doações de caixa 2 para campanhas em 2014, no total de R$ 10 milhões.

Parte desse valor teria sido distribuíd­a por meio de Yunes, apontado como um dos “operadores” do presidente. À Procurador­ia-Geral da República (PGR), Yunes já disse ter sido usado como “mula” de Padilha para participar da entrega de um pacote. Conforme Funaro, dirigentes da Odebrecht usaram o doleiro Álvaro Novis para fazer com que os valores destinados a Temer chegassem a Yunes. Ele contou que, na ocasião, recebeu um telefonema de Geddel pedindo que retirasse R$ 1 milhão, a ser entregue em Salvador.

Geddel “informou que o dinheiro que iria retirar com José Yunes era referente a uma doação via caixa 2 da Odebrecht, acertada juntamente (com) Eliseu Padilha e Michel Temer”, diz trecho do anexo intitulado Intermedia­ção de Pagamentos de Propinas para Interposto­s do Presidente, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo.

“Estes valores eram de Michel Temer, o qual estava enviando uma parte do dinheiro arrecadado para Geddel”, continua o documento. Foi Geddel, segundo Funaro, quem lhe passou o telefone do advogado José Yunes.

Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Comunicaçã­o da Presidênci­a da República afirmou que as declaraçõe­s do corretor Lúcio Funaro não são dignas de crédito. “Versões de delator já apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como homem que traiu a confiança da Justiça não merecem nenhuma credibilid­ade”, afirma a nota do

Planalto.

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