Lula reclama de ‘caça às bruxas’ e critica Palocci
Em uma audiência marcada por ataques duros ao Ministério Público Federal, Lula se disse vítima de uma “caça às bruxas” e minimizou as revelações do ex-ministro Antonio Palocci, a quem chamou de mentiroso. O petista, que foi um dos homens fortes no governo do ex-presidente, confessou na quarta-feira, 6, que participou do esquema de repasse de propinas da Odebrecht para Lula e citou um “pacto de sangue” de R$ 300 milhões para o ex-presidente e o PT.
Segundo Lula, ele tem tido paciência. “Muita gente achou que eu ia chegar aqui com muita raiva do Palocci. Eu achei que Palocci está preso há mais de um ano, o Palocci tem o direito de querer ser livre, tem o direito de ficar com o pouco de dinheiro que ele ganhou fazendo palestras”, disse o ex-presidente. Segundo a orientação de seus advogados, Lula deixou de responder perguntas que foram consideradas “repetitivas” feitas durante o interrogatório.
“Eu fiquei muito preocupado com na delação do Palocci, porque ele poderia ter falado eu fiz isso de errado, e fiz isso. Ele espertamente disse ‘não é que eu sou santo’ e pau no Lula”, descreveu Lula.
DOCUMENTOS NA CASA
O ex-presidente negou conhecer um contrato de opção de compra e venda do imóvel em São Paulo encontrado em sua casa em buscas e apreensões da Polícia Federal. Trata-se de um termo de opção de compra e venda em nome do pecuarista José Carlos Bumlai de terreno aonde supostamente seria sediado o Instituto Lula, segundo o Ministério Público Federal, delatores da Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci. O imóvel é apontado pela força-tarefa da Lava Jato como suposta propina da construtora a Lula.
Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro sobre contratos entre a empreiteira e a Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal, os repasses ilícitos da Odebrecht chegaram a R$ 75 milhões em oito contratos com a estatal. O montante, segundo a força-tarefa da Lava Jato, inclui um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo do Campo de R$ 504 mil. O ex-presidente negou saber que a Odebrecht teria envolvimento na compra do terreno e que o imóvel teria sido comprado em nome de Glaucos da Costamarques, primo de seu amigo José Carlos Bumlai.
Em meio ao interrogatório, Sérgio Moro expôs a Lula um documento. Lula respondeu dizendo que queria até fazer uma sugestão: “Essas coisas feitas entre o Bumlai e qualquer outra pessoa que eu não participei, é melhor o senhor perguntar para eles. Porque eu não sou obrigado e nem José Carlos Bumlai tinha qualquer obrigação de apresentar qualquer projeto a mim ou Roberto Teixeira, como eu não tinha que prestar contas do que eu fazia”.
Ex-presidente esteve cara a cara com Sérgio Moro pela segunda vez
DONA MARISA
Lula atribui responsabilidade pelo apartamento comprado em nome do sobrinho do pecuarista e amigo José Carlos Bumlai a dona Marisa Letícia, que morreu em fevereiro. Assim como no processo do triplex do Guarujá, em que ele foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão, por ter recebido no imóvel propinas da OAS, Lula disse que a ex-primeira dama era quem cuidava do apartamento que era usado pelos seguranças da Presidência, quando ele ocupava o Planal-