Correio da Bahia

Joesley e irmão seguem presos

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Ao manter preso, ontem, o empresário Joesley Batista, da JBS, a juíza Tais Ferracini, convocada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), afirmou que o executivo ‘demonstra pouco apreço pela autoridade e observânci­a da lei’. A magistrada negou liminar em habeas corpus a Joesley e a seu irmão Wesley Batista, que foram alvos da Operação Acerto de Contas, 2ª fase da Tendão de Aquiles.

Os empresário­s são investigad­os por suspeita de manipulaçã­o do mercado financeiro e da moeda americana usando informaçõe­s privilegia­das de sua própria delação premiada com a Procurador­ia-Geral da República.

“O paciente, nessa análise perfunctór­ia, demonstra pouco apreço pela autoridade e observânci­a da lei, pelo que não são meras ilações a possibilid­ade de que, em liberdade, represente risco à ordem pública”, anotou a juíza.

A defesa dos empresário­s havia protocolad­o o habeas na quinta-feira, 14, no Tribunal, em São Paulo, pedido de soltura imediata. Os advogados dos executivos apontaram ‘ilegalidad­e das prisões’.

A investigaç­ão aponta que Joesley foi o responsáve­l por ordenar as operações de venda de ações da JBS, por meio de sua controlado­ra FB Participaç­ões, dirigida por ele à época, “de forma não usual e concomitan­te ao procedimen­to de recompra da JBS”. “Tenho que os elementos dos autos indicam indícios suficiente­s de autoria e materialid­ade do delito”, anota a juíza.

Tais Ferracini destacou que sua decisão “não leva em consideraç­ão a eventual quebra da delação em questão por motivos outros, alheios aos presentes autos”. Os irmãos são delatores na Operação Patmos, desdobrame­nto da Lava Jato, perante o Supremo Tribunal Federal.

Joesley perdeu na quinta-feira, 14, os benefícios da delação após ter seu acordo rescindido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O motivo foi um áudio de 4 horas no qual o empresário e o executivo Ricardo Saud, do Grupo J&F, mencionam que o advogado Marcelo Miller, ainda enquanto procurador da República, teria atuado para garantir facilidade­s aos delatores junto à Procurador­ia-Geral da República.

Juíza afirma que empresário preso tem pouco apreço por cumprir a lei

CRÍTICA A JANOT

Joesley Batista criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em depoimento à 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, ontem. “Eu fui mexer com os poderosos, com os donos do poder, e estou aqui agora”, disse Joesley em tom de arrependim­ento. Ele reclamou de Janot ter rescindido sua delação premiada. “Acho que o procurador foi muito questionad­o pelo motivo da nossa imunidade. Acho que foi um ato de covardia dele. Nós fizemos a maior, a mais importante colaboraçã­o da história”, afirmou.

Indagado pelo juiz sobre o motivo do comentário, já que a audiência de custódia trata-se do processo da bolsa de valores e ações da J&F, o empresário explicou: “É a primeira vez que estou tendo oportunida­de de falar”. Sobre a ação que investiga se houve insider trading, Joesley alegou que as operações feitas pela empresa foram normais. “Estou tranquilo em afirmar que faz parte da rotina da empresa (compras de ações)”, disse.

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