Correio da Bahia

Indicação aconteceu visando ‘arrecadar’

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cravou que o presidente da República, Michel Temer (PMDB), deixou de nomear Moreira Franco a um cargo em uma das vice-presidênci­as da Caixa Econômica Federal e avalizou a indicação de Fábio Cleto, aliado de Cunha e delator, porque sabia “que o potencial para arrecadar” do ex-deputado era “bem superior” ao do ministro. A constataçã­o foi feita no âmbito de denúncia movida pelo chefe do Ministério Público Federal contra o “Quadrilhão do PMDB” na Câmara.

Na última quinta-feira, Janot acusou de organizaçã­o criminosa o presidente e ainda o ex-ministro Geddel Vieira Lima, os ex-presidente­s da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, o ex-assessor especial de Temer, Rodrigo Loures, e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.

O procurador pede ainda multa de R$ 55 milhões aos integrante­s do “quadrilhão”, perda de cargo público, e uma pena maior para o presidente por ele supostamen­te ocupar a posição de líder.

O procurador-geral sustenta que os peemedebis­tas usaram órgãos públicos, como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados para cometer crimes. Temer é apontado como o líder da organizaçã­o desde maio de 2016.

Na mesma peça, o procurador-geral ainda imputa ao presidente da República o crime de obstrução de Justiça por causa dos supostos pagamentos indevidos para evitar que Lúcio Funaro firmasse acordo de colaboraçã­o premiada. Temer é acusado de instigar o empresário Joesley Batista a pagar, por meio de Ricardo Saud, vantagens a Roberta Funaro, irmã de Lúcio Funaro.

Na peça, o procurador vê a rápida ascensão de Eduardo Cunha no âmbito do PMDB e na organizaçã­o criminosa, entre outros fatores, por sua atuação direta e incisiva na arrecadaçã­o de valores lícitos ou ilícitos; e pelo mapeamento e controle que fazia dos cargos e pessoas que o ajudariam nos seus projetos.

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