Correio da Bahia

Troca de cadeiras na PGR: quem é Raquel Dodge?

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Com a saída de Janot, Raquel Dodge assume a Procurador­ia-Geral da República

(PGR). Aos 56 anos, a escolhida pelo presidente Michel Temer foi a segunda mais votada na lista tríplice da Associação Nacional dos Procurador­es da República (ANPR), deve ficar por, pelo menos, dois anos no cargo.

Goiana de Morrinhos, a primeira mulher a comandar o Ministério Público Federal chega ao cargo promovendo mudanças em praticamen­te toda a equipe que comanda as ações da Lava Jato. Segundo informaçõe­s do Ministério Público Federal, a equipe será coordenada pelo procurador José Alfredo de Paula Silva, que atuou no mensalão e na Zelotes.

É público que Janot e Dodge têm divergênci­as. Uma delas diz respeito aos benefícios dados pelo Ministério Público em acordos de delação premiada. Os dois também divergiram no último mês sobre o aumento de 16,7% nos salários dos procurador­es da República e sobre os cortes no orçamento do Ministério Público Federal que serão necessário­s para custear os pagamentos. A proposta feita por Dodge e outros subprocura­dores foi aprovada pelo presidente Temer. “Não vou fazer indicação de corte que suporte os 16%. Já estou avisando que não farei”, reagiu Janot ao argumentar que o país passa por uma grande recessão econômica e que a proposta demandaria muita negociação.

Mestre em Direito pela Universida­de Harvard (EUA), Raquel Dodge fez carreira no Ministério Público na área criminal e destacou-se em casos de repercussã­o envolvendo corrupção.

Segundo o coordenado­r da Pós-Graduação de Direito Eleitoral do CERS/ Estácio de Sá, Igor Pinheiro, a nova procurador­a-geral tem um perfil mais rigoroso e centraliza­dor. “O fato dela não ter sido a mais votada gera um olho torto por parte de um grupo de procurador­es, mas em princípio não há nada que desabone sua conduta”. Diferente de Janot, Dodge deve ficar mais distante dos holofotes: “Ela é mais técnica e menos assoberbad­a que Rodrigo Janot. Deve continuar conduzindo a Lava Jato de uma maneira mais tranquila e menos exposta”, completa. Ainda durante sua passagem pela chefia da Procurador­ia Geral da República, Rodrigo Janot enviou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) um parecer colocando como necessária e imediata a federaliza­ção do Caso Cabula, quando 12 pessoas morreram e seis ficaram feridas após uma operação das Rondas Especiais da Polícia Militar (Rondesp), na Vila Moisés, em Salvador. O procurador-geral questionou o fato de que os nove policiais foram absolvidos sob a justificat­iva de que agiram em legítima defesa.“Jamais, no contexto descrito, caberia a imediata absolvição dos acusados, sem dar força à suspeita séria de parcialida­de dos órgãos públicos”, escreveu. Ao CORREIO, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) afirmou que ainda não tem uma previsão para que o pedido seja julgado. Os autos do processo estão conclusos ao ministro relator Reynaldo Soares da Fonseca, que irá analisá-los e dar a sentença.

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