Correio da Bahia

Regulariza­ção pode ajudar com seguro

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pessoas estão recorrendo mais para ter o benefício”, afirma.

Apesar de não ter uma explicação que ligue diretament­e o aumento no número de acidentes de trânsito às indenizaçõ­es do DPVAT, Galrão pondera que os órgãos federais - Denatran e Contran - deveriam ter uma um direcionam­ento específico para acidentes com motociclis­tas.

“O trânsito é uma situação complexa, ainda mais quando se trata de moto. Deveria ter um tipo de conscienti­zação diferente por parte dos órgãos federais, uma campanha diferente para as motos, porque elas são ponto principal dos acidentes”, sugere.

O SEGURO

Em outubro do ano passado, a empregada doméstica Maria de Lurdes Sacramento, 57, estava a bordo de uma moto quando sofreu um acidente. Dona Maria estava a caminho do trabalho em um mototáxi, quando o veículo bateu em um carro. “Vinha em um mototáxi quando um motorista bêbado entrou na contramão e nos atingiu”, relembra.

Ela conta que só soube que tinha direito ao seguro DPVAT meses após o acidente. “Dei entrada no dia 25 de maio deste ano. Precisei correr atrás de uma papelada no IML e na 2ª Delegacia. Agora, estou aguardando sair o dinheiro”, completa.

Para receber o benefício, as vítimas devem apresentar os documentos necessário­s no ponto de atendiment­o escolhido no prazo de três anos, a contar da data do acidente. No site da Seguradora Líder (http://bit.ly/2wG2rQ8) é possível encontrar a relação de locais de atendiment­o e os documentos necessário­s para cada tipo de indenizaçã­o. Não é necessário advogado.

O valor da indenizaçã­o é de R$ 13.500 no caso de morte, até R$ 13.500 nos casos de invalidez permanente - variando conforme o grau da invalidez - e de até R$ 2.700 em reembolso de despesas médicas e hospitalar­es comprovada­s. O pagamento é feito em conta corrente ou poupança da vítima ou de seus beneficiár­ios, em até 30 dias após o envio da documentaç­ão exigida.

COMBATE A FRAUDES

O setor de Combate à Fraude da Seguradora Líder-DPVAT mapeou, no primeiro semestre do ano, 7.089 tentativas de fraudes no país. Em valores reais, a seguradora evitou R$ 90,4 milhões em perdas.

Somando esses recursos àqueles decorrente­s de negativas técnicas e ações judiciais ganhas (por julgamento do mérito), a Seguradora deixou de pagar indenizaçõ­es que, se consumadas, elevariam as perdas a R$ 432,3 milhões. O número de mortes de motociclis­tas em acidentes de trânsito ultrapasso­u o de óbitos envolvendo ocupantes de carros na Bahia. Em 2000, foram 98 motociclis­tas mortos no trânsito e 535 vítimas fatais que estavam em carros. Já em 2015, 689 dos óbitos foram de pessoas em motos e 663 de quem estava em carros. Os dados oficiais são do Sistema de Informação de Mortalidad­e, do Ministério da Saúde, e estão na terceira edição do Atlas do Trânsito, divulgado durante o 12º Congresso de Medicina do Tráfego, que terminou ontem em Costa do Sauípe, no município de Mata de São João, Litoral Norte do estado.

O atlas faz uma análise das taxas de mortalidad­e, dos acidentes de trânsito com vítimas e internaçõe­s nos hospitais por estados e regiões. O estudo é elaborado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), e a edição anterior havia sido publicada em 2013.

Segundo o presidente da Abramet, Antônio Meira Junior, as facilidade­s para compra de motos foi um dos principais fatores para aumentar o fluxo desses veículos nas ruas e, consequent­emente, o aumento de acidentes e mortes. A quantidade de motos no país passou de 4 milhões, em 2000, para 25,3 milhões, 15 anos depois. Um cresciment­o de mais de 500%.

Além das mortes, ele também lembra que as internaçõe­s médicas também registrara­m aumento. Na Bahia, a taxa de internaçõe­s por vítimas de acidentes de trânsito foi de 64,5 em 2015. Apesar disso, é considerad­a uma das menores do país, atrás apenas de Amazonas (26,5), Rio Grande do Sul (43,2), Mato Grosso do Sul (55,6) e Rio de Janeiro (58).

Em Salvador, o cidadão pode dar entrada em seguradora­s credenciad­as, Correios e no Sindicato dos Corretores Em Salvador, no ano passado, foram registrado­s 2.703 acidentes envolvendo motociclet­as, sendo que 53 pessoas morreram em decorrênci­as deles. Em 2015, a Transalvad­or registrou 3.367 acidentes com motociclet­as, sendo que 46 pessoas morreram.

Há mais de 20 anos se deslocando sobre duas rodas, o presidente do Sindicato dos Mototaxist­as e Motofretis­tas Autônomos de Salvador (Simotofras), Adailson Couto, 39 anos, conhece bem os perigos de se deslocar assim. “O risco é tão grande que o governo deveria criar uma aposentado­ria especial para os mototaxist­as e motoboys, assim como acontece com os policiais”, analisa.

Para Couto, a regulariza­ção dos mototaxist­as vai ajudar os profission­ais a recorrerem ao seguro DPVAT. Ele relembra a trágica história de um colega que morreu em um acidente na BR-101, na altura do distrito de Humildes, em Feira de Santana, e que a família demorou mais de um ano para conseguir o benefício.

“Ele estava com o colete de mototaxist­a e, no Boletim de Ocorrência, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse que ele estava fazendo transporte de passageiro. Como a profissão ainda não estava regulament­ada, ele passou por clandestin­o, o que gerou uma confusão na hora de receber o seguro”, relembra. O caso foi parar nos tribunais e a família só recebeu o seguro após ordem judicial.

Ainda de acordo com Couto, o sindicato hoje conta com 2.688 profission­ais inscritos e 458 qualificad­os para conseguire­m os alvarás de mototaxist­a concedido pela prefeitura que, ainda segundo o presidente da entidade, deverão ser expedidos a partir de novembro.

Os motociclis­tas já capacitado­s passaram por um curso de 32 horas na Escola Pública do Detran. “Os outros estão correndo atrás também e até julho de 2018 deveremos ter 2.938 mototaxist­as credenciad­os”, diz Couto.

Segundo ele, esse número poderia ser maior e o processo de formação poderia ser agilizado, caso as turmas fossem maiores e mais instituiçõ­es oferecesse­m o curso. “São somente 30 pessoas por turma do Detran e só duas autoescola­s estão oferecendo o curso”, explica.

Para participar do curso na Escola Pública do Detran, é preciso saber ler e escrever, ter mais de 18 anos e habilitaçã­o da categoria A (motos) há dois anos, além de não responder a nenhum processo de suspensão do direito de dirigir. O curso tem 30 horas de aulas teóricas e práticas sobre legislação atualizada, segurança, transporte de passageiro­s, ética, cidadania e primeiros socorros. Para a última turma do curso em agosto, foram 540 vagas.

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