Em busca de respostas
Foram dois meses de agonia para a doméstica Maria Nazaré Xavier dos Santos, 51 anos. Em 9 de julho, ela recebeu a notícia de que a filha, a comerciante Nadjane Santos de Jesus, 30, fora sequestrada na Rua Santos Soares, em Itapuã, onde morava, e, depois, achada morta na Estrada do CIA/Aeroporto. A filha tinha saído com o cachorro Mayck para comprar feijão para o almoço.
Só que, mais de dois meses depois, o caso continua sem respostas. Não se sabe quem matou Nadjane, nem o motivo. Ela foi encontrada com marcas de espancamento e sinais de violência sexual mas, oficialmente, nem isso é uma certeza para a polícia, segundo a família da vítima.
“A dor de perder minha filha já é muito grande, imagina não saber o que realmente aconteceu com ela. E o pior é saber que tudo foi onde ela nasceu e se criou”, desabafou dona Nazaré, durante uma caminhada na manhã de ontem. Por volta das 8h, cerca de 50 pessoas saíram da rua onde a comerciante vivia em direção à orla de Itapuã, na frente da 12ª Delegacia.
Vestindo camisetas brancas com fotos de Nadjane e usando cartazes, o grupo gritava palavras de ordem pedindo solução. O objetivo era sensibilizar possíveis testemunhas. “Com certeza, alguém viu algo, mas não quer falar. O pessoal tem medo de represálias, tem medo de ser alguém conhecido, porque hoje a gente está nas mãos de Deus. Quando o pessoal vê alguma coisa violenta acontecendo, prefere se trancar”, disse o marido da vítima, o autônomo Eviton Gomes, 36.
No dia em que foi morta, uma câmera de segurança da rua chegou a registrar Nadjane passando com o cachorro, às 7h19. O laudo do Departamento de Polícia Técnica, segundo a família, não esclarece os principais questionamentos sobre o crime.
Além da falta da indicação do local exato onde Nadjane foi encontrada, não há indicativo de que a comerciante teria tentado se defender da violência sexual.
Desde a morte da filha, dona Nazaré vai uma vez por semana até a sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba, cobrar atualizações sobre o caso. “A gente tem um delegado empenhado, mas precisamos de uma solução. Eles só pedem para ter paciência, mas já fazem dois meses que perdi minha vida, meu tesouro. Estou me segurando nas mãos de Deus. Já pensei em desistir (da busca), porque é muito doloroso”, desabafou.
Procurada pelo CORREIO, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Polícia Civil é quem deve se pronunciar sobre o caso. A assessoria da Polícia Civil foi procurada, mas não foi localizada pela reportagem.