Correio da Bahia

‘Ninguém está acima da lei’

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A nova procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, disse, na manhã de ontem, que o Ministério Público deve promover justiça, defender a democracia e “garantir que ninguém esteja acima da lei e ninguém esteja abaixo da lei”. Raquel também destacou que o povo brasileiro mantém a esperança de um futuro melhor para o país, acompanha as investigaç­ões e os julgamento­s e “não tolera a corrupção” – sem citar em qualquer momento a operação Lava Jato.

A procurador­a tomou posse como a primeira mulher a ocupar o cargo máximo do Ministério Público Federal (MPF) em uma solenidade que teve duração de 30 minutos na sede

Carreira Raquel Dodge ingressou no Ministério Público em 1987 e participou da redação para a erradicaçã­o do trabalho escravo no Brasil

Atuação Vinha atuando em matérias de natureza criminal no Superior Tribunal de Justiça da Procurador­ia-Geral da República (PGR). A solenidade contou com a presença do presidente Michel Temer, da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e dos presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Temer, Maia e Eunício são alvos de denúncias do Ministério Público.

“O país passa por um momento de depuração. Os órgãos do sistema de administra­ção de Justiça têm no respeito e harmonia entre as instituiçõ­es a pedra angular que equilibra a relação necessária para se fazer justiça em cada caso concreto”, afirmou Raquel, que iniciou o discurso dirigindo-se ao povo brasileiro, “de quem emana todo o poder”, como frisou.

“Estou ciente da enorme tarefa que está diante de nós e da legítima expectativ­a de que seja cumprida com equilíbrio, firmeza e coragem, com fundamento na Constituiç­ão e nas leis”, disse.

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CUMPRIMENT­OS

Em sua fala, a nova procurador­a-geral da República cumpriment­ou o antecessor, Rodrigo Janot, por “seu serviço à nação”. Janot, que não compareceu à solenidade, apresentou na semana passada uma segunda denúncia contra Temer, dessa vez por organizaçã­o criminosa e obstrução de justiça. A primeira, por corrupção passiva, foi barrada pela Câmara dos Deputados.

“Quarenta e um brasileiro­s assumiram este cargo de procurador-geral da República. Alguns em ambiente de paz e muitos sob intensa tempestade. A nenhum faltou a certeza de que o Brasil seguirá em frente porque o povo mantém a esperança em um país melhor, interessa-se pelo destino da nação, acompanha as investigaç­ões e julgamento­s, não tolera a corrupção e não só espera, mas também cobra resultados”, frisou Raquel.

Católica praticante, a sucessora de Janot mencionou ensinament­os do papa Francisco em seu discurso de posse, além de ter pedido a ajuda de Deus no cargo. “O papa Francisco nos ensina que a ‘corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver. O corrupto está tão fechado e satisfeito em alimentar a sua autossufic­iência que não se deixa questionar por nada e ninguém’”, citou Raquel.

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