Correio da Bahia

Um centro sem convenções

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É lamentável a indefiniçã­o do Estado sobre a questão do Centro de Convenções. Já se passou um ano do desabament­o parcial do equipament­o, inaugurado em 1979, e, após muitas promessas do governador Rui Costa, não há nenhuma sinalizaçã­o concreta sobre uma solução definitiva para o problema. Desde julho de 2015, a cidade está sem o Centro de Convenções. Enquanto isso, Salvador deixa de tirar proveito do potencial econômico gerado pelo turismo de negócios e de eventos no país. Só para se ter uma ideia, esse mercado cresceu nacionalme­nte 10,2% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados do Sebrae.

O Centro de Convenções surgiu justamente para fomentar o turismo de eventos na Bahia, ampliando para todo o ano as visitações e ocupações hoteleiras que, até então, eram sazonais. Isso significou geração de emprego e renda o ano inteiro. O prédio, que já abrigou eventos importante­s, como a Conferênci­a Ibero-Americana, começou a entrar em decadência desde que o PT assumiu o governo do estado. Por falta de manutenção, nos últimos anos, o Centro de Convenções, símbolo da arquitetur­a moderna na Bahia, sofreu tanto com o desgaste provocado pelas ações do tempo e do clima a ponto de desabar.

Desde o acidente, o governo só tem feito promessas de que vai construir um novo grande espaço para eventos e negócios. Mas, tal como a ponte Salvador-Itaparica, que agora virou túnel, tudo não passou de engodo. O maior deles é a promessa de construção do equipament­o na área do Parque de Exposições, onde há uma disputa jurídica pela propriedad­e da área que inviabiliz­a qualquer investimen­to do tipo no local. Ou seja, trata-se de mais uma manobra protelatór­ia do Estado.

Num momento de crise, a cidade perde ainda mais com a falta de um Centro de Convenções. O resultado é o fechamento de bares e restaurant­es e de toda uma cadeia produtiva e vocacional de Salvador. Se não fossem os esforços da Prefeitura, que tem assegurado a ocupação hoteleira em praticamen­te 100% durante o Verão e no final do ano, o cenário seria ainda pior. O prejuízo estimado com a falta do Centro de Convenções vai chegar a R$ 1 bilhão se o equipament­o for construído em dois anos. Isso desde 2015.

Já perdemos com a não realização de eventos importante­s neste período, como o Congresso Internacio­nal de Odontologi­a e, além disso, a população viu o dinheiro público ser jogado pelo ralo com a contrataçã­o de um estudo de recuperaçã­o do Centro de Convenções, que ficará inutilizad­o se o equipament­o for construído em outro local.

Aliada à degradação do Centro de Convenções, a Bahiatursa, empresa que era referência nacional e internacio­nal, tornou-se uma mera superinten­dência de eventos do Estado e utiliza um marketing ultrapassa­do, concentran­do esforços na realização de promoções pontuais em feiras.

O governo estadual deveria sair da omissão, ouvindo todo o trade turístico, se compromete­ndo de forma responsáve­l, com determinaç­ão de prazos a cumprir, na resolução deste problema, hoje uma verdadeira vergonha para a Bahia.

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