Correio da Bahia

Sobradinho está prestes a atingir volume morto

- MÁRIO BITTENCOUR­T

Se continuar sem chover, a barragem de Sobradinho pode chegar ao volume morto em outubro. A avaliação é do diretor de Águas do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado (Inema), Eduardo Topázio. O boletim divulgado ontem pela Agência Nacional de Águas (ANA) aponta que a barragem está só com 5,87% do seu volume útil. E a curva vem sendo cada vez mais decrescent­e. No início do ano, chegou a 30%.

Caso se confirme o volume morto, a barragem passará a ser usada apenas para abastecime­nto humano. Ela já foi considerad­a o principal reservatór­io para geração de energia elétrica do Nordeste.

“A seca deste ano é a pior de todas. Sobradinho é o maior reservatór­io do Nordeste e está muito próximo do volume morto. Como a área é plana, se diminuir 1% do volume, isso significa quilômetro­s de distância de onde estava a borda. Em 2014, chegou a 1% do volume útil, foi o estado mais crítico. Agora, não tem muito o que fazer, só rezar”, explica Topázio.

Uma das medidas que a Bahia propôs à ANA, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e aos estados que se beneficiam da barragem (Sergipe, Alagoas e Pernambuco) é a redução da vazão de Sobradinho. Hoje, ela libera 600 mil litros por segundo.

Segundo o diretor, o pedido inicial era para reduzir para

550 mil litros por segundo, mas, diante do agravament­o da situação, já querem baixar para 500 mil litros por segundo. “Estamos brigando para não chegar ao volume morto. Mas os outros estados têm que concordar. Não podemos entrar em conflito. Eles têm que avaliar o impacto na sua captação, porque quando diminui a vazão, a água pode chegar salobra a Alagoas e Sergipe. A Bahia também propôs que, perto do volume morto, a barragemn passe a liberar só a quantidade de água que entrar”. Terceira maior cidade da Bahia, com 348.718 habitantes, Vitória da Conquista, no Centro-Sul, passou por um dos mais longos períodos de racionamen­to de água da sua história, devido à redução do nível das barragens de Água Fria I e II, na vizinha Barra do Choça, que abastecem a cidade.

O racionamen­to foi de maio de 2016 a julho de 2017, quando o nível das barragens atingiu 100%, graças às chuvas na região. No período mais crítico, em junho de 2016, as barragens chegaram a ter 2,2 bilhões de litros armazenado­s - 34% da capacidade. Hoje, a Embasa libera mais de 40 mil metros cúbicos de água por dia.

Como solução para o recorrente problema da falta de abastecime­nto de água na cidade e em municípios vizinhos, que acabam sendo afetados, como Belo Campo e Tremedal, também abastecido­s por Água Fria I e II, o governo pretende construir uma barragem na bacia do Rio Catolé.

No dia 26 de maio deste ano, a Justiça Federal determinou que o governo suspendess­e a licitação para construção da barragem por falta de licença ambiental. A obra, segundo os ministério­s públicos Federal e Estadual, autores da ação que gerou a decisão, tem previsão de desmatar 170 hectares de Mata Atlântica.

A barragem, cuja execução é da Embasa, tem custo de R$ 155.180.783,74. No dia 16 de junho, um novo projeto foi entregue à Caixa para ser avaliado e encaminhad­o ao Ministério das Cidades. A nova barragem poderá acumular 24 bilhões de litros, volume quatro vezes maior do que a capacidade de armazename­nto de Água Fria I e II.

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Sobradinho já foi considerad­a o principal reservatór­io de água para geração de energia elétrica no Nordeste

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