Correio da Bahia

Mais de 4 mil alunos sem aula

- Bruno Wendel e Gil Santos redacao@correio24h­oras.com.br

Moradores sem ônibus pelo quarto dia consecutiv­o e 4.150 alunos sem aulas - uma parte deles desde a última quarta-feira, no Complexo do Nordeste de Amaralina. O prejuízo é reflexo das cinco mortes de suspeitos por tráfico de drogas em confrontos com policiais militares na região.

A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou, na noite de ontem, que os ônibus retornarão hoje cedo aos finais de linha do Vale das Pedrinhas e da Santa Cruz.

A retomada das aulas na segunda-feira depende da situação nos bairros. Quinze escolas da rede municipal de ensino ficaram sem aulas depois dos confrontos entre suspeitos e polícia. Na manhã de ontem, o CORREIO percorreu algumas unidades. Na Teodoro Sampaio, que funciona na Rua Doutor Armando Colavope, no final de linha de Santa Cruz, apenas o porteiro estava na escola. “Tem dois dias que ninguém vem aqui. A inseguranç­a tem aumentado”, comentou.

Já na Escola Municipal Artur de Sales, na Rua Antônio Carlos Magalhães, ainda em Santa Cruz, apenas um cadeado e o silêncio davam o tom do clima dentro da instituiçã­o. “Não tem ninguém aí. Nem o porteiro. Todo mundo com medo. Está assim há três dias”, contou uma dona de casa que mora em frente à escola.

“Tenho dois sobrinhos de 5 e 7 anos. Na terça-feira, teve aula, mas minha irmã ficou com medo de mandar eles para a escola. Nos dias seguintes, não teve aula, e eles estão ficando comigo, porque ela tem que trabalhar. Essa situação é difícil: eles ficam sem aula e minha irmã volta tarde do trabalho. Espero que tudo volte ao normal logo”, disse a dona de casa Alessandra Nascimento, 37.

A Secretaria Estadual da Educação (SEC) informou que nenhuma das quatro escolas no Nordeste de Amaralina e Santa Cruz suspendeu as aulas.

15 escolas não funcionara­m no complexo; ônibus devem voltar hoje

ÔNIBUS

Sem os coletivos, ontem, os pontos foram improvisad­os na entrada do Parque da Cidade, na Rua do Canal e em frente ao quartel da Aeronáutic­a, em Amaralina. Por conta da suspensão do serviço, muitos moradores tiveram de caminhar até 1 km para chegar em casa.

Para evitar a caminhada e o risco de assalto até a Avenida ACM, onde fica o ponto de ônibus mais próximo para o trabalho, a estudante de veterinári­a Débora Batista, 23 anos, que mora próximo ao fim de linha da Santa Cruz, pagou R$ 3,60 nesses últimos dias para que um carro particular a levasse até o ponto.

“São R$ 3,60 para ir e mais R$ 3,60 na volta, além dos R$ 3,60 do ônibus. Eu chego da faculdade por volta das 22h, então, não vou arriscar caminhar esse horário sozinha. Toda essa situação é um absurdo. Eu não estava preparada para ter essa despesa”, contou.

A comerciant­e Debilma dos Santos, 40, disse que os ônibus sem circular significa também prejuízo. “Eu tenho uma lanchonete no fim de linha do Nordeste de Amaralina, e muitos dos meus clientes são rodoviário­s. Como eles não estão vindo mais até o fim de linha, meu faturament­o caiu. O comércio está todo aberto no bairro. Não sei por que o serviço ainda não voltou”, afirmou ela.

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