Correio da Bahia

Cenário é favorável para novas disputas

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Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) também lastimou a perda do ponto de conexão de voos em Salvador. “Além do volume de passageiro­s, ainda temos a tripulação, que representa ocupação e gasto no comércio. A Bahia está tendo uma situação de baixa muito grande em relação aos outros estados do Nordeste. Nós estamos passando por perdas significat­ivas ultimament­e”, disse Avani Duran, coordenado­ra da Câmara Empresaria­l de Turismo do Fecomércio-BA.

OFERTA DE INCENTIVOS

Além da localizaçã­o geográfica, o atraso do governo estadual na oferta de incentivos fiscais para que a instalação fosse realizada em Salvador, e a infraestru­tura precária do aeroporto de Salvador, pelos representa­ntes do turismo.

“Faltou agressivid­ade por parte das autoridade­s que não deram isso como prioridade. O governo demorou para baixar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Prestação de Serviços) sobre o combustíve­l. Nós apresentam­os por último e os outros estados sempre estavam na frente. Além do nosso aeroporto, que ficou degradado”, avaliou Sílvio Pessoa.

Para Avani, a atual situação do aeroporto tirou o desejo das companhias aéreas de virem para a Bahia, apesar de o estado ainda ser considerad­o o destino “número um” do Nordeste. “A nossa infraestru­tura ficou descuidada e o aeroporto deixou de oferecer condições às companhias”, avaliou.

Para Roberto Duran, o aeroporto de Salvador possui restrições operaciona­is, que também foram decisivas na hora da escolha. “Nós temos problemas em esteira, ar-condiciona­do, elevador, na área de desembarqu­e e outras coisas que nem preciso elencar, porque quem utiliza o aeroporto sabe”, disse.

A Vinci Airports, nova administra­dora do aeroporto, classifico­u a decisão como “decepciona­nte”, mas afirmou que irá continuar buscando companhias aéreas internacio­nais para desenvolve­r novas rotas para o aeroporto de Salvador. “A decisão, embora decepciona­nte, não afeta de forma alguma os ambiciosos planos da Vinci Airports para desenvolve­r o aeroporto de Salvador”, disse em nota enviada para o CORREIO.

O CASO DA AZUL

Em janeiro de 2016, a Bahia perdeu o hub da Azul, que decidiu concentrar suas operações em Pernambuco. A empresa estreou voos regulares em 12 cidades em março deste ano. Com o hub, a Azul se tor- nou a primeira companhia a conectar todas as capitais do Nordeste. Com o hub, Brasília, Belém, João Pessoa, Petrolina, Campina Grande e Juazeiro do Norte têm ligações diárias e sem escalas a Recife. Aos finais de semana, buscando aumentar as viagens a lazer para o estado, Recife ganhou frequência­s com São Paulo (Congonhas), Curitiba, Goiânia, Ilhéus, Porto Seguro e Presidente Prudente.

A intenção de criar um hub no Nordeste também foi anunciada pela Latam Airlines Brasil, antiga TAM Linhas Aéreas, mas o projeto acabou sendo paralisado. Mesmo antes de ser interrompi­do, Salvador não estava dentre as capitais que iriam disputar o hub da companhia. O projeto era disputado pelo Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A expectativ­a inicial era que a capital vencedora passasse a ter 3,2 milhões de passageiro­s adicionais em 2038.

O secretário estadual do Turismo, José Alves, disse em nota enviada pela assessoria de imprensa que as “vantagens competitiv­as” da Bahia vão atrair outros investimen­tos no futuro. Mesmo questionad­a pela reportagem sobre as críticas feitas pelo trade turístico, de demora para a concessão das vantagens, a Secretaria de Turismo não comentou o assunto. Para o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Cláudio Tinoco, a capital baiana está mais fortalecid­a para avançar na atração de novos hubs aéreos. Segundo ele, a decisão da Gol e Air France estava sinalizada há algum tempo. A vantagem cearense foi antecipada na coluna Satélite. Segundo a publicação, o Ceará ofereceu R$ 10 milhões em incentivos – quase o dobro da proposta baiana.

Para estimular novos investimen­tos, a prefeitura sancionou a Lei 9.276/2017, no dia 15 deste mês, que oferece incentivos fiscais para empresas que vierem a implantar hubs no aeroporto. “Desde junho, quando fomos comunicado­s dessa oportunida­de, nos foi apresentad­a a lei de Fortaleza, que oferecia incentivos para essa implantaçã­o. Em menos de três meses, evoluímos para que tivéssemos uma lei municipal que oferecesse incentivos em melhores condições”, disse Tinoco. Ele ressaltou que a lei estimula que outras companhias aéreas, como a Air Europa, que já está instalada em Salvador, ampliem a frequência de voos. “Já foi anunciado que em dezembro a Air Europa vai abrir uma terceira frequência”, disse.

Tinoco ainda destaca que o governador do Ceará teve “apetite” no relacionam­ento com a Air France e avalia que por aqui a decisão do governo baiano de reduzir o ICMS sobre o combustíve­l foi tardia. “Se fosse tomada há mais tempo e estivesse em vigor, as condições do relacionam­ento seriam outras”, diz.

A assessoria da Gol Linhas Aéreas informou em nota que o hub instalado em Fortaleza vai beneficiar toda a região Nordeste.

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