Correio da Bahia

Palocci pede desfiliaçã­o do PT e ataca: ‘partido ou seita?’

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LAVA JATO “Somos um partido ou uma seita?”. A pergunta consta em um trecho de uma carta histórica enviada ontem pelo ex-ministro Antonio Palocci, que ocupou as pastas da Fazenda e da Casa Civil nos governos Lula e Dilma, à direção do Partido dos Trabalhado­res (PT). Palocci pediu desfiliaçã­o da legenda. “Somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade? Chegou a hora da verdade para nós. De minha parte, já virei essa página”, diz Palocci, na carta endereçada à presidente da legenda, a senadora Gleisi Hoffman, e que chegou ao partido no dia em que completa um ano de sua prisão pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. Ele também diz que sabia que “seria difícil passar por tantos desafios políticos sem qualquer desvio ético”. O ex-ministro, interrogad­o em 6 de setembro pelo juiz federal Sérgio Moro, rompeu o silêncio e incriminou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu antigo parceiro de legenda. Palocci acusou o ex-presidente de ter fechado um “pacto de sangue” com a Odebrecht em troca de uma superpropi­na de R$ 300 milhões para seu partido e para ele próprio. Lula ne- ga as acusações feitas pelo ex-ministro. Na última sexta-feira (22), o PT decidiu suspender Palocci por 60 dias das atividades partidária­s. “Ao mentir, sem apresentar provas e seguindo um roteiro preestabel­ecido em seu depoimento na 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba, no último dia 6 de setembro, Palocci colocou-se deliberada­mente a serviço da perseguiçã­o político-eleitoral que é movida contra a liderança popular de Lula e o PT. Desta forma, rompeu seu vínculo com o partido e descomprom­eteu-se com a sua militância”, disse a resolução do PT. Ontem, no pedido de desfiliaçã­o, Palocci voltou a confirmar pedido de propinas feito por Lula, em negócios da Petrobras para construção de sondas de exploração marítima de petróleo para os campos do pré-sal. A carta também revela uma proposta de acordo de leniência na Lava Jato para o PT, que estaria sendo negociada internamen­te entre membros do partido. A suposta proposta de leniência do PT seria de autoria do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, que foi absolvido ontem, pela segunda vez, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) dos processos na Operação Lava Jato.

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