Exército apura uso das máscaras de caveira por militares na Rocinha
É PROIBIDO O Estado-Maior, responsável pelo Plano Nacional de Segurança Pública no Rio de Janeiro, informou por nota, ontem, que apura o uso por militares de balaclavas (capuzes) em desacordo com as regras das corporações militares durante operações na Rocinha, zona sul do Rio. Segundo o órgão, usar o acessório “nas cores preta e azul-ferrete está previsto nos regulamentos de uniformes das Forças Armadas”. Entretanto, peças com desenhos de caveira foram usadas por soldados durante operações na Rocinha, segundo registraram fotógrafos na última terça-feira, 26. As imagens mostram militares com essas máscaras segurando armas. Desde o dia 22, cerca de 950 militares das Forças Armadas atuam no cerco da região, dando apoio às operações das Polícias Militar e Civil do Rio. O comando não informou se os militares que utilizaram o acessório serão punidos ou alvo de algum inquérito. Militares das Forças Armadas distribuíram, ontem, Dia de Cosme e Damião, doces para crianças na Rocinha. O Comando Militar do Leste não deu detalhes sobre a iniciativa, uma forma de tentar se aproximar da população, em geral cética ou refratária ao contato com soldados e policiais. Tradicionalmente, a data é comemorada em subúrbios e bairros pobres do Rio. A ação dos militares com as crianças foi também um gesto simbólico. Nos últimos dias, houve, contra militares e policiais, queixas de buscas irregulares em residências na Rocinha e até acusações de arrombamentos sem mandado e furtos. Nas redes sociais, foram publicadas fotos de portas arrombadas, que seriam de casas na favela. Autoridades dizem desconhecer os incidentes e garantem investigações caso recebam queixas formais.
As imagens dos soldados sorridentes, com as mãos cheias de sacos de guloseimas e cercados por crianças, contrastaram com fotos feitas na véspera. Ontem, as aulas foram parcialmente retomadas na Rocinha. Quatro escolas municipais, duas creches e um Espaço de Desenvolvimento Infantil abriram pela primeira vez nesta semana. O movimento, porém, foi menor do que o habitual. Duas escolas com 817 estudantes continuam fechadas. A Secretaria Municipal de Educação não divulgou os nomes das unidades.
As buscas pelo traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, prosseguiram ontem durante todo o dia.