Correio da Bahia

INTERVENÇÕ­ES, AGITAÇÕES E DESVARIOS

- Naiana.ribeiro@redebahia.com.br

O escritor paulista Ricardo Lísias estará pela primeira vez na Bahia. Autor do polêmico livro Diário da Cadeia (2017), assinado com o pseudônimo Eduardo Cunha, ele participar­á da Festa Literária Internacio­nal de Cachoeira (Flica). Lísias estará na mesa Intervençõ­es, Agitações e Desvarios junto com a poeta baiana Daniela Galdino nesta sexta, às 15h.

Vencedor dos prêmios Portugal Telecom de Literatura Brasileira e Melhor Romancista da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Lísias é conhecido pelo seu estilo literário ousado e polêmico que já o fez passar por várias saias justas. Com Diário da Cadeia, sátira que explora o universo da política brasileira, ele foi até alvo de um processo judicial. “O ex-deputado federal Eduardo Cunha tenta até agora impedir a circulação do livro, pois se considera ofendido por ele. Ele não avisou à justiça que se tratava de um romance, levando a juíza a tomar a decisão absurda de impedir a circulação do livro”, conta.

A obra teve sua circulação proibida por quase um mês. “A justiça foi avisada que é uma ficção, inclusive registrada assim, e a circulação foi liberada e continua até hoje”, completa. A intenção do o autor com a sátira é posicionar-se diante da situação do país e dizer aos políticos que o comportame­nto deles é inaceitáve­l. “A decisão de tentar intervir, dentro dos meus limites, veio enquanto eu assistia à votação que levou ao afastament­o de Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados. Ao ouvir cada uma daquelas pessoas falando coisas absurdas, de um jeito vulgar, grosseiro, machista e kitsch, decidi fazer o meu protesto contra aquilo”.

Essa não foi a única vez que uma obra do escritor foi parar na justiça. Uma denúncia anônima fez ele receber uma intimação da Polícia Federal por conta de Delegado Tobias. “Um grupo de pessoas levou o Ministério Público Federal a confundir-se e acabar investigan­do personagen­s de ficção sem perceber que isso estava acontecend­o”, diz.

Apesar de quase sempre escrever ficção, Lísias utiliza fatos reais para construir seus romances. “Tento fazer a literatura se impor na realidade de forma ativa, e não como uma ‘representa­ção’. Isso causa incômodo em grupos que acabam se vendo atingidos ou denunciado­s”, opina. Em seus textos, o autor faz questão de não ser neutro: “Não tento atingir qualquer tipo de unanimidad­e. Para isso, teria que fazer uma literatura neutra e deixar o mundo confortáve­l. Não quero agradar ninguém”.

PRIMEIRA VEZ

Se nas obras ele não quer agradar as pessoas, em eventos como a Flica, a ideia é fazer uma discussão saudável com o público. “Prefiro ouvir os mediadores e o público e responder perguntas. Isso me dá a segurança de falar algo que interesse ao público. Espero estabelece­r um bom diálogo e conseguir conversar da melhor maneira com o público que, já soube, será bastante amplo”, fala Lísias.

Sua expectativ­a para vir ao estado é grande, não só pelo evento. Essa é a primeira vez do autor na Bahia. “É uma grande alegria, ainda mais porque minha mãe é baiana: nasceu no Rio Vermelho, em 1947. Já estava na hora de conhecer a terra dela”, pontua. Além da relação de útero, esse é o estado de autores que ele admira, como o homenagead­o da Flica, Ruy Espinheira Filho, e os veteranos Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro. O quê Mesa da Festa Literária Internacio­nal de Cachoeira (Flica 2017) com Ricardo Lísias e Daniela Galdino e mediação de Wesley Correia

Quando Sexta-feira, às 15h

Onde Convento do Carmo (Praça da Aclamação, Centro - Cachoeira)

Quanto Gratuito

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