Sete horas parados
Pontos lotados, mas sem ônibus. Essa foi a cena, ontem, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), depois que rodoviários de linhas metropolitanas pararam de circular por volta das 8h.
O estudante do 3º semestre de Direito Iago Almeida, que teria aula às 8h30 no campus de Pituaçu da Universidade Católica do Salvador, voltou para casa. Ele chegou no ponto em frentre ao Max Atacado, na Estrada do Coco, às 7h, onde ficou por uma hora. Nesse tempo, não viu nenhum ônibus passar. “O ponto estava lotado, todo mundo esperando os ônibus, e ninguém sabia o que estava acontecendo. Nem os agentes de trânsito que tomam conta do ponto sabiam dizer. Depois chegou um cobrador e informou sobre a paralisação”, disse o universitário.
Diego Jones, 23, aluno do 9º semestre de Farmácia, até conseguiu pegar um ônibus em Vida Nova, depois de 50 minutos de espera, mas não soube dizer como voltaria do estágio, em um hospital do bairro Monte Serrat, na capital. “Os rodoviários pediram para nós, passageiros, pensarmos em uma estratégia para voltar para casa, porque eles iriam parar”, contou.
O movimento foi até as 15h30, quando os ônibus retornaram às ruas. De acordo com o diretor do Sindicato dos Rodoviários Metropolitanos (Sindmetro) Catarino Fernandes, a categoria interrompeu as atividades para protestar pela manutenção e valorização dos postos de trabalho, que, segundo ele, estão ameaçados por conta da expansão do metrô até Lauro de Freitas. Ontem foi o primeiro dia útil da integração plena entre ônibus metropolitano, metrô e ônibus urbano e da alteração do ponto final de 20 linhas metropolitanas.
Com essa mudança, passageiros de 19 linhas da região metropolitana têm de descer na Estação Mussurunga e pegar o metrô. Já a linha Simões Filho-Barra passou a deixar os passageiros na Estação Pirajá. Ontem, em Mussurunga, a passarela que dá acesso à estação ficou lotada e teve até fila. A CCR Metrô confirmou o aumento de 20 mil passageiros ontem no sistema.
O sindicato alega que, com a mudança, 67 ônibus deixaram de circular, o que pode levar a demissões na categoria. Ainda segundo o Sindmetro, 400 ônibus deixaram de rodar por 7 horas e meia, ontem. A promotora Rita Tourinho disse que a redução já estava prevista: “O que precisamos fazer agora é tentar amenizar o impacto”.
A Agerba (agência estadual que regula o transporte público no estado) informou que se reuniu com o Ministério Público Federal do Trabalho e o Sindmetro “para discutir a relocação dos funcionários do sistema metropolitano a partir da integração com o metrô”. Uma nova reunião está marcada no dia 10 deste mês.