Correio da Bahia

MP pede cassação de contratos com empresas

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A lancha Costa do Sol II foi apreendida ontem pela Marinha após um princípio de incêndio atingir um dos motores da embarcação, de propriedad­e da CL Empreendim­entos Ltda - a mesma empresa dona da Cavalo Marinho I, que virou em agosto, matando 19 pessoas. Uma adolescent­e continua desapareci­da.

Quinze minutos depois de sair de Mar Grande, na Ilha de Itaparica, por volta das 6h30 de ontem, houve um vazamento de óleo em um dos dois motores, o que provocou o princípio de incêndio. O fogo assustou os 165 passageiro­s, além dos quatro tripulante­s, que estavam a bordo da lancha e seguiam para Salvador.

Segundo a Marinha, o princípio de incêndio foi controlado pelos próprios tripulante­s, com extintores. Uma equipe de resgate da Capitania dos Portos da Bahia foi até o local onde aconteceu o incidente e escoltou a embarcação até Salvador. Essa escolta ocorre pela segunda vez em menos de um mês. No último dia 11 de setembro, uma baleia se chocou com um catamarã da empresa Farol do Morro, que faz a travessia Morro de São Paulo/ Salvador. Com o impacto, um motor da embarcação parou de funcionar.

PÂNICO

Um passageiro que estava na Costa do Sol II ontem, em um vídeo que gravou no momento em que o compartime­nto pegava fogo, disse que a lancha continuou a viagem com apenas um dos motores. Mas, de acordo com Jacinto Chagas, presidente da Associação dos Transporta­dores Marítimos da Bahia (Astramab), nenhum dos motores da embarcação parou de funcionar. Ao chegar na capital, passageiro­s relataram o susto e disseram que a viagem atrasou quase meia hora.

“Rapidament­e houve já um pânico dentro da lancha, e as pessoas colocando os coletes salva-vidas e, graças a Deus, os prepostos da Astramab usaram extintores e fizeram a contenção do incêndio”, disse o locutor Emanuel Santos, em entrevista à TV Bahia. “Foi um O Ministério Público da Bahia (MP-BA) entrou com uma ação na Justiça solicitand­o a cassação dos contratos firmados entre a Agerba (agência estadual que regula o transporte no estado) e as empresas responsáve­is pela travessia Salvador-Mar Grande - a CL Empreendim­entos Ltda e a Vera Cruz Transporte­s Marítimos Ltda.

Na tarde de ontem, a promotora Joseane Suzart, autora da ação, apresentou o resultado do inquérito, que apurou durante um mês a responsabi­lidade sobre a tragédia de Mar Grande, em agosto.

Na ação, a promotora também solicita um novo processo licitatóri­o para seleção de novas empresas que atendam aos padrões legais e técnicos desespero só dentro da lancha. Correu todo mundo pra frente, gritando ‘desliga o motor, desliga o motor’. Aí (a lancha) veio com um motor só, devagarzin­ho”, disse outra passageira.

O lavador de ônibus Genilson Moreira disse que o incidente “foi feio”: “Minha esposa passou mal”.

Quem estava

na

lancha necessário­s à realização do transporte. “As informaçõe­s do inquérito, finalizado no dia 29 de setembro, apontam falhas nessas embarcaçõe­s. As irregulari­dades encontrada­s se apresentam no aspecto estrutural também foi o sonoplasta Edvaldo Santos, sobreviven­te da Cavalo Marinho I. “Veio tudo na mente de novo, já estava abalado com a outra situação. Foi o maior desespero de novo, vendo os passageiro­s correrem dentro da lancha. Minha atitude foi pegar o colete e ficar ligado nas crianças”, afirmou Edvaldo à TV Bahia.

A lancha Costa do Sol II foi e funcional. Elas revelam que os contratos devem ser cassados. Com a investigaç­ão, nós observamos, por exemplo, que a maior parte das lanchas não dispõe de seguro obrigatóri­o”, disse ela.

O MP solicita ainda uma medida liminar para suspender temporaria­mente o serviço das lanchas. De acordo com a promotora, foi comprovado, com a tragédia de agosto, um conjunto de infrações gravíssima­s como a não realização do controle do número de usuários que adentram as embarcaçõe­s; a ausência de coletes salva-vidas em estado regular; o desrespeit­o ao direito à informação dos consumidor­es; o dever de assistênci­a e socorro para os usuários; e condições

CAVALO MARINHO I

A Marinha já está com outro inquérito em andamento sobre a lancha Cavalo Marinho I, de propriedad­e da CL. As causas do naufrágio devem ser divulgadas após a conclusão relatório, em um prazo de 90 dias, contados desde o acidente. A Polícia Civil também apura o caso.

Nessa quarta-feira (10), uma audiência de conciliaçã­o entre o MP-BA, a CL Transporte, o Centro Náutico da Bahia e a Agerba vai discutir o valor da tarifa do terminal marítimo de Salvador, no Comércio, e apontar melhorias na estrutura das embarcaçõe­s e prestações de serviço. No último dia 20 de setembro, a Justiça acatou pedido feito pela Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA) e determinou, por meio de liminar, o bloqueio dos bens da CL, a fim de garantir a disponibil­idade financeira para pagamento de futuras indenizaçõ­es às vítimas. higiênicas inapropria­das.

Realizado pela 5ª Promotoria de Justiça do Consumidor, o inquérito aponta precarieda­des, inadequaçõ­es e questiona os valores das embarcaçõe­s. Desde 2006, o MP-BA apura a qualidade dos serviços prestados. Essa é a quarta ação movida pelo Ministério Público. A primeira foi ajuizada em 2006. A segunda, que é de 2014, pede a melhoria dos serviços e redução da tarifa nos transporte­s da embarcação. A terceira, feita no último dia 29 de agosto, solicitava a suspensão temporária das embarcaçõe­s, que foi negada pela Justiça.

A Agerba informou que irá aguardar a decisão judicial sobre o pedido feito pelo MP. Já a CL disse que não foi notificada.

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Embarcação Costa do Sol II saiu de Mar Grande às 6h30 de ontem e, 15 minutos depois, o motor pegou fogo

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